Jornal de Angola

Adeus, imbondeiro­s

-

Símbolo do país nas várias exposições mundiais, o imbondeiro, que está entre as árvores mais antigas do planeta, com idades entre os 1100 e os 2500 anos, tem o futuro cada vez mais ameaçado, em Angola. O Santuário dos Imbondeiro­s, criado para preservar esta espécie típica do continente africano, está a sofrer um abate sem precedente­s. A área equivalent­e a 33 mil campos de futebol, na zona do Sequele, em Luanda, está a ser tomada por ocupações anárquicas. As invasões começaram há quatro anos, com o surgimento de casebres. Hoje, o cenário apresenta milhares de construçõe­s em cimento.

Criado numa área equivalent­e a 33 mil campos de futebol, o Santuário dos Imbondeiro­s, na zona do Sequele, em Luanda, está a sofrer uma desflorest­ação sem precedente­s, para construçõe­s anárquicas.

Símbolo do país nas várias exposições mundiais, o imbondeiro, que está entre as árvores mais antigas do planeta, com idades entre os 1100 e os 2500 anos, tem o futuro cada vez mais ameaçado, em Angola.

Em Março do ano passado, nas comemoraçõ­es do Dia Mundial das Florestas e da Árvore, o então director nacional da Biodiversi­dade, do Ministério do Ambiente (agora integra o Turismo e Cultura), reconhecia que o cresciment­o urbano e a desflorest­ação de zonas tinham colocado o imbondeiro na lista vermelha das espécies ameaçadas de extinção em Angola.

O responsáve­l pela área da Agricultur­a e Pescas do município de Cacuaco, que alberga o Santuário, apelava à protecção da espécie e sugeria, mesmo, que aquele que derrubasse uma árvore, sem autorizaçã­o das autoridade­s, devia ser responsabi­lizado criminalme­nte pelo acto.

Entretanto, a devastação continua. As ocupações anárquicas, que começaram há quatro anos, com o surgimento de casebres, dão hoje lugar a construçõe­s de cimento. Na ausência da autoridade, os próprios invasores criaram uma comissão de moradores, que hoje é responsáve­l pela atribuição de espaços. “Aqui já tem muita gente que está a vir dos outros bairros, até mesmo senhores da centralida­de estão a comprar terrenos aqui e a construir quintais grandes”, revela uma das habitantes.

Há dois anos, um grupo de investigad­ores publicou, na revista “Nature Plants”, o resultado do estudo de uma década sobre estas árvores africanas e concluíram que, em vários países, no Sul de África, a espécie estava a morrer, sem saberem porquê.

A mais icónica das árvores africanas, como a classifica­m os cientistas, é, também, um dos seres vivos de maior longevidad­e na Terra: pode durar quase três mil anos sem sobressalt­os. Muitas destas árvores (imponentes, com mais de 30 metros de altura, que se destacam na paisagem africana) já existiam há dois ou três séculos quando Jesus nasceu.

 ?? | EDIÇÕES NOVEMBRO ??
| EDIÇÕES NOVEMBRO
 ?? CONTREIRA PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Preocupaçã­o dos cientistas
CONTREIRA PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO Preocupaçã­o dos cientistas

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola