Jornal de Angola

Regresso em grande no plantel militar

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Dispensado do 1º de Agosto para ter um maior contacto com o futebol de alta competição, já que o plantel militar era formado na altura por grandes feras, Vieira Dias encontrou no Progresso Sambizanga um balneário com um ambiente que o ajudou bastante para a sua afirmação.

“A passagem pelo Progresso foi determinan­te para a minha carreira, não apenas pela forma como fui recebido, mas sobretudo pelo impulso que deram para tornarme num atleta de referência. Vivi no Sambila aquilo que foi o empurrão para a afirmação”, realçou e destacou o tratamento “Vip” que recebeu.

“O Praia para mim foi como um orientador em campo, pela sua maturidade e experiênci­a, desde o treino até aos jogos oficiais. Ele dizia 'VD à direita, à esquerda, vem, sai, larga, atira, enfim. Quando metesse a bola era tiro e queda, pois eu estava lá. Às vezes ainda não cheguei na área e ele já está a fazer o movimento. Foi assim que fui o melhor marcador da equipa”, sublinhou.

Vieira Dias assinalou a passagem pelo Mambrôa como a da consolidaç­ão daquilo que foi “a minha génese como ponta-delança. Com todo o respeito e consideraç­ão pelas outras duas equipas, onde vivi momentos felizes na minha carreira, a passagem pelo Huambo, foi um caso à parte. Em termos de infra-estruturas, não havia comparação possível, era um clube com uma estrutura profission­al muito forte”, esclareceu.

O regresso ao 1º de

Agosto acontece numa altura em que menos esperava. “Quando tudo parecia que permanecer­ia no Huambo para continuar a jogar e dar continuida­de a minha vida militar, já que tinha sido colocado lá após o meu regresso de Cuba, o General N'dalu mandou o Napoleão Brandão, já na condição de Chefe de Departamen­to de Futebol, para ir a minha busca, numa altura em que desportiva­mente estava mais maduro e já tinha um outro nível”, sustentou.

“No meu regresso ao 1º de Agosto, em 1983, onde terminei a carreira dez anos depois, trabalhei com Mário Imbeloni, fiz a minha parte. Depois veio o Paulo Roberto, João Machado, Dusan Kondic e dei sempre o meu melhor”, defendeu.

VD considera a sua geração como heróica e generosa. “No sentido real de quem fez desporto no meu tempo sabe que dormimos várias vezes em condições precárias, mas mostramos aquilo que era possível fazer. Se tivéssemos mais condições teríamos feito muito mais”, avaliou.

Seguidamen­te sustenta a sua tese: “repare que as equipas que enfrentámo­s, quer em selecção, quer em clubes, não eram tão superiores, mas vinham de um desporto profission­al com todas as condições. Nós vivíamos do peixe fruto e arroz, e enquanto estávamos hospedados na Casa dos Desportist­as, fazíamos três refeições, apenas para dizer que comíamos , mas não para quem fazia desporto, os nossos adversário­s estavam em hotéis”, lamentou.

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