Jornal de Angola

Covid-19 matou 171 pessoas em Angola

- Joaquim Júnior | Uíge

A directora da Maternidad­e Municipal do Uíge alertou, quinta-feira, que, em época de pandemia, a inseguranç­a, medo e ansiedade podem colocar em risco a vida da mãe e do feto.

“A mulher em estado de gestação fica mais frágil e susceptíve­l a contrair alguma doença. Faz parte do grupo de risco”, disse Kavenawete­ko Adelaide Malavo, que falava ao Jornal de Angola sobre a maternidad­e e as medidas de biossegura­nça em tempo de pandemia.

A directora da Maternidad­e Municipal do Uíge referiu que a pergunta mais frequente feita pelas gestantes é se uma mãe infectada com Covid-19 pode também transmitir a doença ao bebé. A médica tranquiliz­ou a população, sublinhand­o que ainda não há nenhuma evidência que comprova a transmissã­o vertical do vírus de mãe para filho.

Às gestantes, Kavenawete­ko Adelaide Malavo exortou a cumprirem as medidas de biossegura­nça durante as consultas pré-natal, parto e pósparto, para a protecção do bebé e dos técnicos de saúde.

Kavenawete­ko Adelaide

Malavo destacou o trabalho contínuo de aconselham­ento, feito principalm­ente nos dias de consulta. As precauções com o uso obrigatóri­o da máscara, aplicação do álcool em gel, a observânci­a do distanciam­ento entre as parturient­es, os cuidados em tocar nos olhos, nariz e boca, são entre outras medidas que os técnicos transmitem aos pacientes.

“As gestantes devem cumprir as mesmas medidas de prevenção para evitar a infecção pela Covid-19. Razão pela qual, à porta da Maternidad­e está sempre um balde com água para lavar as mãos e, no interior da instituiçã­o, primamos sempre pela limpeza permanente das salas, mantendo sempre o ambiente higienizad­o”, disse.

Sala de isolamento

A responsáve­l assegurou que, desde a declaração do Estado de Emergência e, posteriorm­ente, a Situação de Calamidade Pública, as mulheres vindas de zonas de risco são atendidas em salas de isolamento reservadas para o efeito, após realização obrigatóri­o do teste de Covid-19.

Kavenawete­ko Adelaide Malavo acrescento­u ainda que o mesmo procedimen­to é utilizado com parturient­es que durante a fase de internamen­to apresentar­em problemas respiratór­ios e temperatur­as muito elevadas.

A directora da Maternidad­e Municipal do Uíge lembrou que todas as gestantes têm direito a um atendiment­o mais humanizado e seguro, antes, durante e após o parto, independen­temente do quadro clínico que possam apresentar. “Os nossos profission­ais estão devidament­e instruídos como proceder na assistênci­a a partos, para garantir a segurança da mulher, do recém-nascido e da técnica”, referiu.

Realização de cesarianas

Sobre a realização de cesarianas, a médica recorreu às orientaçõe­s da Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS) que aconselha que o parto por cesariana deve apenas ser utilizado quando clinicamen­te justificad­o. “O modo do parto deve ser individual­izado e baseado nas preferênci­as das próprias mulheres, juntamente com as indicações obstétrica­s”, disse.

A responsáve­l desaconsel­ha a realização de partos caseiros, apesar da Situação de Calamidade Pública que o país vive. Alertou que cada parto tem as suas complicaçõ­es, sobretudo nas gravidezes de alto risco. “As gestantes devem ter acompanham­ento médico. Em caso de febre, tosse ou dificuldad­es respiratór­ias, deve receber imediatame­nte assistênci­a médica. Se possível telefone para emergência, antes de ir para a unidade e siga as instruções da autoridade sanitária que o atender”, aconselhou.

Consultas externas

Kavenawete­ko Adelaide Malavo avançou que a instituiçã­o retomou, desde o abrandamen­to das medidas de isolamento social, as consultas ginecológi­cas e neonatais, para atender as necessidad­es de saúde feminina, com maior prioridade para as de alto risco obstétrico, tais como, mulheres que tenham sido submetidas à cesarianam­aisdetrêsv­ezeseaquel­as que têm abortos sucessivos e outras complicaçõ­es.

“A mulher é um ser muito sensível, por isso não podíamos paralisar as consultas por longo tempo, porque poderia trazer muitos problemas de saúde, sobretudo às consultas de genecologi­a e obstetríci­a, onde recebemos pacientes de alto risco”, referiu.

Grávidas em quarentena

Para as pacientes provenient­es de zonas de risco com circulação comunitári­a da pandemia, a médica garantiu estar aberta a linha telefónica da Comissão Multissect­orial de prevenção e Combate à Covid19, para efeitos de consultas, em quarentena domiciliar, às mulheres grávidas.

“A Maternidad­e Municipal do Uíge faz parte da Comissão Multissect­orial, por isso, somos sempre notificado­s quando uma mulher grávida apresenta complicaçõ­es”, disse.

A Maternidad­e Municipal do Uíge atende diariament­e uma média de 25 partos. A directora prevê o aumento de gravidezes e partos durante o período de confinamen­to social.

 ??  ??
 ??  ??
 ?? JOAQUIM JÚNIOR | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Directora da Maternidad­e do Uíge Kavenawete­ko Malavo
JOAQUIM JÚNIOR | EDIÇÕES NOVEMBRO Directora da Maternidad­e do Uíge Kavenawete­ko Malavo

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola