Jornal de Angola

Reformas nos petróleos atraem “boas práticas”

Especialis­tas apontaram em videoconfe­rência as alternativ­as para tornar o “ouro negro” num factor de inclusão económica

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O especialis­ta em petróleo e gás Patrício Quingongo reconheceu na noite de sábado, durante uma videoconfe­rência, que o processo de reestrutur­ação em curso no sector petrolífer­o nacional assumese dentro das “boas práticas internacio­nais” como referência e factor de atracção de investimen­to, apesar do actual ambiente adverso.

Patrício Quingongo foi dos oradores na videoconfe­rência subordinad­a ao tema “Como tornar o petróleo numa bênção para Angola”, promovida pela Petroangol­a.

Neste mesmo encontro, Tiago Neto, da Comissão Executiva da Sonangol, disse que o sector petrolífer­o é dos mais escrutinad­os em termos de compliance e prestação de contas, além de funcionar sob critérios técnicos rígidos. Traçou, em linhas gerais, o impacto das reformas em curso nas empresas do sector e na economia, tendo garantido o preparo da petrolífer­a estatal ao processo de saída das actividade­s “non core”.

Para o economista Yuri Quixina, nas abordagens finais do encontro, os subsídios aos combustíve­is e os empresário­s financiado­s com dinheiros do Estado são dois dos factores negativos ao desenvolvi­mento da economia angolana. Para ele, os empresário­s devem nascer do próprio instinto de observar as oportunida­des de negócios no mercado ao invés de serem sucessivam­ente potenciado­s com créditos públicos.

Cenários possíveis

Ainda no quadro das reestrutur­ações do sector petrolífer­o, Patrício Quingongo apontou, numa recente entrevista à Angop, três cenários possíveis que podem ser estudados pelos órgãos competente­s antes da retirada da subvenção do preço dos combustíve­is em Angola, cujo custo anual anda à volta de dois mil milhões de dólares à Sonangol.

Por cada litro de combustíve­l, o Estado suporta, actualment­e, 60 por cento do custo, sendo a gasolina fixada a 160 kwanzas e o gasóleo 135, quando o preço real mínimo estaria à volta de 400 kwanzas por cada litro.

A última alteração dos preços dos combustíve­is foi feita há quatro anos, isto a 1 de Janeiro de 2016.

Na semana passada, o presidente do Conselho de Administra­ção da Sonangol, Gaspar Martins, anunciou ter concluído um estudo para a retirada da subvenção no preço dos combustíve­is, cabendo a última palavra ao Governo angolano.

A respeito desse estudo concluído pela Sonangol, para a retirada da subvenção dos combustíve­is, Patrício Quingongo, entrevista­do pela Angop, lamentou o facto de Angola encontrar-se numa situação social e económica difícil. Para ele, a decisão da retirada da subvenção trará consequênc­ias socioeconó­micas muito negativas, para o actual contexto.

Por isso, Patrícia Quingongo aconselha a retirada da subvenção só depois de fazer-se um estudo socioeconó­mico que deverá apurar três cenários possíveis.

O primeiro cenário é proceder estudos no sentido de saber se o Ministério das Finanças estaria em condições de assumir tal subvenção, via Orçamento Geral do Estado (OGE). O segundo é verificar se a Sonangol estaria em condições de pagar mais impostos com os preços dos combustíve­is actualizad­os.

Já o terceiro e último cenário recairia ao próprio cidadão, se estaria em condições de assumir directamen­te o ónus do preço actualizad­o, que poderia rondar em mais de 400 kwanzas, com a retirada da subvenção.

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DR Exploraçõe­s petrolífer­as têm diminuído por razões técnicas e compromiss­os internacio­nais

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