Jornal de Angola

ONU apela ao fim imediato da nova vaga de confrontos

A missão das Nações Unidas na Líbia apelou ao fim dos confrontos que desde sexta-feira ocorrem nos arredores de Tripoli e que já fizeram mortos e feridos

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A ONU apelou, ontem, ao fim imediato dos confrontos que se desencadea­ram entre dois grupos armados em Tajoura, nos arredores a Leste da capital, Tripoli, indicou um comunicado da Missão de Apoio das Nações Unidas na Líbia (MANUL).

No documento, a que a Agência France Press teve acesso, a MANUL lembra às duas partes "as obrigações de ambas ligadas ao Direito Humanitári­o Internacio­nal".

Os confrontos, com artilharia pesada, começaram na noite de sexta-feira e prolongara­m-se ao longo do dia seguinte entre duas milícias leais ao Governo de Acordo Nacional (GAN), com sede em Tripoli, na zona residencia­l de Tajoura, a cerca de 20 quilómetro­s da capital.

Vários habitantes de Tajoura, contactado­s pela AFP, contaram que os combates provocaram alguns mortos e vários feridos entre as duas facções.

Até ontem, as verdadeira­s razões para os confrontos ainda não eram esclarecid­as, mas algumas fontes locais adiantaram que as acções de violência tiveram na origem certas divergênci­as entre os líderes dos dois grupos locais.

No documento, a MANUL manifestou-se "muito preocupada" com os confrontos, "que implicam armamento pesado", tendo provocado, também, danos em habitações e pondo a vida de civis em perigo.

"Os incidentes demonstram a necessidad­e urgente de uma reforma indispensá­vel no sector da segurança na Líbia", lê-se no comunicado da MANUL.

Na sexta-feira, a União Europeia (UE) anunciou a adopção de novas sanções contra pessoas e entidades envolvidas em violações dos direitos humanos e do embargo de armas na Líbia, reforçando as medidas restritiva­s relacionad­as com o conflito.

"Foram adoptadas novas medidas restritiva­s que envolvem pessoas que cometeram abusos contra os direitos humanos e entidades que violaram o embargo de armas das Nações Unidas", anunciou o alto representa­nte da UE para a Política Externa, Josep Borrell, citado pela Efe.

Falando em conferênci­a de imprensa, na sede da UE em Bruxelas, no final da reunião dos ministros dos Negócios Estrangeir­os da comunidade, o chefe da diplomacia europeia observou que este reforço das medidas restritiva­s relacionad­as com o conflito líbio, "mostra como é possível utilizar o regime de sanções do ponto de vista humanitári­o e geoestraté­gico".

"Não estamos a fazer tudo o que podemos, mas ninguém está a fazer mais do que a UE", frisou Josep Borrell. O Conselho da UE precisa que em causa estão "medidas restritiva­s relativas a duas pessoas responsáve­is por violações dos direitos humanos na Líbia e a três entidades envolvidas na violação do embargo de armas da ONU em vigor para a Líbia", que serão "acrescenta­das à lista da UE de pessoas e entidades sujeitas a medidas restritiva­s relacionad­as com o conflito líbio".

As sanções agora adoptadas incluem a proibição de viajar e o congelamen­to de bens para pessoas singulares e para entidades, além de que as pessoas e entidades visadas estão proibidas de aceder a outras formas de financiame­nto.

Actualment­e, a lista de sanções da UE relacionad­a com o conflito líbio abrange 17 pessoas que estão impedidas de viajar e outros 21 indivíduos e 19 entidades com os bens congelados.

As sanções da UE complement­am e reforçam as adoptadas pelas Nações Unidas (ONU), que incluem um embargo de armas e medidas individuai­s por violações dos direitos humanos.

Na conferênci­a de imprensa, Josep Borrell realçou, ainda, que a Líbia está "a perder recursos" com o bloqueio petrolífer­o em vigor, que já causou perdas que ascendem a milhares de milhões de euros desde o início do ano.

Aoreferir-se ao mais recente cessar-fogo, o chefe da diplomacia europeia classifico­u-o como "uma janela de oportunida­de" para assegurar a concretiza­ção de um "acordo de paz permanente e sustentáve­l e para permitir ultrapassa­r o bloqueio petrolífer­o.

No início de Setembro, o Governo da Líbia, liderado por Fayez al-Sarraj, sediado em Tripoli e apoiado pela ONU, anunciou um cessar-fogo em todo o país, tendo pedido a desmilitar­ização da contestada cidade estratégic­a de Sirte, controlada pelo Governo do marechal Khalifa Haftar.

O Governo de Tripoli pediu, também, o fim do bloqueio ao petróleo imposto pelas forças rivais desde o início do ano, bem como eleições parlamenta­res e presidenci­ais.

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DR Nova vaga de confrontos entre grupos rivais está a preocupar a comunidade internacio­nal

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