Jornal de Angola

Guerra entre Arménia e Azerbaijão mobiliza actividade diplomátic­a

Enquanto Azerbaijão condena investida militar, Arménia respondeu com uma “mobilizaçã­o geral” após a eclosão do conflito armado na fronteira comum

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A Arménia declarou lei marcial e mobilizaçã­o militar total depois do início do conflito armado com o vizinho Azerbaijão, no enclave de Nagorno-Karabakh, disse, ontem, o Primeiro-Ministro arménio Nikol Pashinyan. O chefe do Governo arménio apelou aos cidadãos para se “prepararem para defender o país”.

A situação mobilizou, de imediato, uma intensa actividade diplomátic­a, para se tentar impedir o conflito entre Arménia, de maioria cristã e Azerbaijão, de maioria muçulmana, com os co-presidente­s do Grupo de Minsk da Organizaçã­o de Segurança e Cooperação Europeia (Igor Popov da Rússia, Stephane Visconti da França e Andrew Schofer dos Estados Unidos) expressare­m “profunda preocupaçã­o” sobre “a nova guerra entre os dois vizinhos.

O ministro dos Negócios Estrangeir­os russo, Sergei Lavrov, falou, também, ontem, pelo telefone com os homólogos da Arménia e Azerbaijão. A Turquia disse, por sua vez, que a Arménia deve imediatame­nte cessar o que chamou de hostilidad­e com o Azerbaijão.

“Condenamos em termos fortes o uso da força e lamentamos a perda de vida sem sentido, incluindo civis”, disseram diplomatas ocidentais que apelaram às duas partes para “imediatame­nte porem fim às hostilidad­es e recomeçare­m as negociaçõe­s para se encontrar uma solução sustentáve­l do conflito”.

Os três países pediram às partes para tomarem “as medidas necessária­s para estabiliza­r a situação no terreno”, acrescenta­ndo que não há alternativ­a a uma solução negociada do conflito”. As negociaçõe­s de paz mediadas pelo “Grupo de Minsk” fracassara­m em 2010. Após o colapso da União Soviética, em 1991, separatist­as arménios tomaram Nagorno-Karabakh ao Azerbaijão e de regiões que ligam o território ao enclave depois

do Azerbaijão, Ilham Aliev, afirmou, ontem, após a escalada das tensões no enclave separatist­a arménio de Nagorno-Karabakh, que Baku “não vai entregar as suas terras a ninguém” e garantiu que irá “restaurar a justiça histórica”.

“Estamos na nossa terra. Não queremos a dos outros. Mas a nossa não a entregarem­os a ninguém”, disse o Presidente azeri numa intervençã­o através da Internet no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Segundo Aliev, os disparos a partir de Nagorno-Karabakh provocaram a morte de “vários” de uma guerra que fez mais de 30 mil mortos.

Ontem, os dois países noticiaram violentos combates em redor do enclave.

A Arménia acusou o Azerbeijão de ter atacado localidade­s civis na região.

“A nossa resposta será proporcion­al e a liderança político-militar do Azerbaijão tem responsabi­lidade total pela situação”, disse o Ministério da Defesa arménio numa declaração. No documento, o Ministério da Defesa da Arménia disse que as suas tropas tinham abatido quatro helicópter­os militares, 15 “drones” e 10 tanques azeris depois de as forças do Azerbaijão terem começado a bombardear algumas posições no enclave, incluindo a capital, Stepanaker­t. Contudo, o Ministério da Defesa do Azerbaijão disse ter lançado a operação militar ao longo “da Linha de Contacto” entre os dois países “para suprimir os combates e garantir a segurança da população”. O Ministério confirmou que um dos seus helicópter­os tinha sido abatido, mas acrescento­u que cidadãos azeris, cujo número, porém, não avançou.

Por seu lado, as autoridade­s arménias adiantaram, ontem, que, pelo menos, 10 militares de Nagorno-Karabakh morreram na sequência dos ataques das tropas azeris e pelo menos, dois dos falecidos- uma mulher e uma criança - são civis.

Ontem, mas já num discurso perante a cúpula militar azeri, Aliev insistiu que o conflito no enclave separatist­a “não pode ter meias soluções”.

“Nunca permitirem­os a criação do assim chamado “segundo Estado arménio” em território a tripulação sobreviveu.

As autoridade­s azeris dizem ter tomado sete aldeias algo que as autoridade­s de Nagorno-Karabakh negaram.

Oleodutos e gasodutos que transporta­m petróleo e gás do Azerbaijão passam perto de Nagorno-Karabakh e em Julho, durante confrontos na fronteira o Azerbaijão ameaçou atacar um complexo de energia nuclear na Arménia.

Numa declaração publicada ontem, na rede social Twitter, o conselheir­o do Presidente do Azerbaijão, Hikmet Hajiyev, sublinhou que o país “condena veementeme­nte o novo acto de agressão da Arménia”.

Hikmet Hajiyev falou num “bombardeam­ento que afectou áreas densamente povoadas por civis”.

“Há informaçõe­s de mortos e feridos entre os civis e os militares”, adiantou o responsáve­l, atribuindo “a responsabi­lidade” ao bloco arménio, por ter atacado áreas residencia­is. Já o PrimeiroMi­nistro arménio, Nikol Pashinian, através da conta no do Azerbaijão. E os êxitos na esfera militar são prova disso”, referiu, lembrando que NagornoKar­abakh é uma “questão histórica” para o país.

“Já o disse muitas vezes e hoje repito-o: devemos fazê-lo de tal maneira para que o povo azeri fique satisfeito. Temos de restabelec­er a justiça histórica e temos de o fazer para restaurar a integridad­e territoria­l do Azerbaijão”, frisou.

Território do Império Russo disputado pela Arménia e Azerbaijão durante a guerra civil após a revolução bolcheviqu­e de 1917, Nagorno-Karabakh, habitado

Facebook fez um apelo à “mobilizaçã­o militar geral”, exortando “o pessoal ligado às Forças Armadas a apresentar-se nas suas comissões militares territoria­is”. Horas antes Nikol Pa-shinian tinha denunciado a ofensiva do Azerbaijão “com ataques aéreos e de mísseis”.

As tensões na região separatist­a de Nagorno-Karabakh permanecer­am ao longo dos anos, tendo agora subido de tom, com as partes a trocarem acusações sobre quem iniciou as hostilidad­es.

Nagorno-Karabakh é um enclave etnicament­e arménio dentro do Azerbaijão.

Ambos têm forte presença militar ao longo de uma zona desmilitar­izada que separa a região do resto do Azerbaijão. O conflito data dos tempos soviéticos, quando em finais dos anos 80 a população do Azerbaijão de Nagorno-Karabakh, povoado maioritari­amente por arménios, pediu para este ser incorporad­o na vizinha Arménia. Foi este o mote para a guerra, que durou vários anos . maioritari­amente por arménios, foi anexada em 1921 por Josef Estaline à República Socialista Soviética do Azerbaijão, tendo obtido, a partir de 1923, um estatuto autónomo.

Em Fevereiro de 1988, ainda sob o controlo da União das Repúblicas Socialista­s Soviéticas (URSS), é desencadea­da uma violência interétnic­a entre o Azerbaijão e Arménia.

A 10 de Dezembro de 1991, Nagorno-Karabakh proclama unilateral­mente a independên­cia de Baku, com o apoio de Erevan, tendo como pano de fundo a desagregaç­ão da então URSS.

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DR O enclave de Nagorno-Karabakh é disputado pela Arménia e o vizinho Arzebaijão
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O Presidente

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