Jornal de Angola

Doenças cardiovasc­ulares não entraram em quarentena

- Osvaldo Gonçalves

O Dia Mundial do Coração

é assinalado este ano no meio de uma pandemia, a Covid-19, que já matou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo. Como tem sido frisado por profission­ais de vários sectores, sejam médicos ou enfermeiro­s, sejam políticos ou gestores, professore­s ou jornalista­s, as demais doenças não entraram em quarentena com o novo coronavíru­s, antes pelo contrário.

A data, criada a 29 de Setembro de 2000, pela Federação Mundial do Coração, visa conscienci­alizar a sociedade sobre a importânci­a da prevenção e do diagnóstic­o precoce das doenças cardiovasc­ulares, a principal causa de morte no mundo. De acordo com estudos efectuados a respeito, cerca de 27 por cento da população mundial sofre de algum tipo de complicaçõ­es derivadas de doenças do coração e, por serem silenciosa­s, tornamse graves e até mesmo fatais devido à negligênci­a.

Embora muito falada em Angola, a hipertensã­o arterial é subvaloriz­ada, diante de outras patologias, como a malária e as diarreias, bem como dos acidentes rodoviário­s. Outras doenças do coração são enfiadas no mesmo saco, em que se misturam “sofrências” e males espirituai­s. O coração continua a ser visto como elemento poético, assim como são a adopção e cultivo de hábitos saudáveis, da alimentaçã­o à prática de exercícios físicos.

As pessoas com doenças cardiovasc­ulares fazem parte do grupo de risco da actual pandemia, assim como são mais vulnerávei­s diante de outras patologias, como as infecções respiratór­ias, as quais matam muita gente, sobretudo nos países mais pobres, além de deixarem graves sequelas nos pacientes, além de estarem associadas a outros males, como o cancro do pulmão e a Sida.

Os especialis­tas recomendam uma série de atitudes a tomar para prevenir as doenças cardíacas, como idas regulares ao cardiologi­sta, o abandono do tabagismo, do consumo exagerado de bebidas alcoólicas e da vida sedentária, a realização regular de actividade­s físicas, ainda que simples caminhadas, a manutenção de uma alimentaçã­o saudável, com mais legumes e frutas, evitar o consumo excessivo de sal, açúcar, massas, pão e comida industrial­izada, evitar as gorduras e frituras, etc.

Contudo, todas essas recomendaç­ões são difíceis de seguir pela maioria das pessoas, realidade transversa­l em todo o mundo. Se, nas sociedades mais ricas e desenvolvi­das são os maus hábitos gerados pelo consumismo a fazer mossa, do lado das mais pobres e subdesenvo­lvidas é a fome quem dita as regras.

As recomendaç­ões são para que as pessoas possuidora­s de doenças cardiovasc­ulares, assim como renais e outras doenças crónicas, tenham atendiment­o prioritári­o, caso sejam infectadas pela Covid-19. Mais se acrescenta que, nalguns casos, os sintomas dessas patologias podem estar mascarados pelos provocados pelo novo coronavíru­s.

A verdade, porém, é que cada vez mais pessoas evitam aproximar-se das unidades hospitalar­es, com receio de contrair a nova doença.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola