Trump rejeita condenar supremacistas brancos
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recusou-se a condenar os supremacistas brancos e membros de milícias espalhados pelo país, durante o primeiro debate presidencial contra Joe Biden, que decorreu na madrugada de ontem em Cleveland, Ohio, noticiou a Lusa.
"Quase tudo o que vejo vem da ala esquerda e não da ala direita", afirmou, depois de questionado pelo apresentador da "Fox News" Chris Wallace, moderador do debate.
Trump pediu então ao grupo de extrema-direita Proud Boys que "se afaste" e fique "à espera", em 'stand by'. "Alguém tem de fazer alguma coisa por causa dos (antifa) antifascistas e da esquerda", disse o Presidente norte-americano.
Segundo o jornalista da "NBC" Ezra Kaplan, as afirmações de Trump foram bem recebidas pelos Proud Boys, que disseminaram as palavras pelas redes sociais como um reconhecimento e uma chamada à acção.
Joe Biden retorquiu que o próprio director do FBI da Administração Trump, Chris Wray, disse que "antifa" é uma ideologia, não um grupo organizado. Trump disse que o director do FBI está errado.
O democrata, que mencionou a morte do afro-americano George Floyd, considerou que "há injustiça sistémica neste país" e que, embora a maioria dos polícias sejam bons, há "maçãs podres" que têm de ser responsabilizadas pelos seus actos.
Donald Trump posicionou-se como o Presidente da "lei e ordem" e acusou Biden de querer abolir as forças de segurança.
Trump disse que há várias cidades democratas, como Portland e Nova Iorque, a serem arruinadas por uma grande subida da violência. O moderador Chris Wallace afirmou, no entanto, que a escalada do crime violento também está a verificar-se em cidades controladas por republicanos, como Tulsa.
O governante foi também chamado por Wallace a explicar porque acabou com o treino de sensibilidade racial e respondeu que tal "era uma revolução radical" a ser operada no Exército e nas escolas e que "estavam a ensinar às pessoas a odiar" os Estados Unidos.
Num primeiro debate muito conflituoso, foram abordados os temas mais quentes da campanha, incluindo o Tribunal Supremo, o estado da economia, a Covid-19, o sistema de Saúde e o histórico de ambos.
Acusações e insultos
O debate foi caracterizado como uma cacofonia de interrupções e insultos, com Joe Biden a apresentar uma postura mais agressiva em relação ao adversário, que capitalizou a sua capacidade de interromper, baralhar e desviar o assunto.
"Palhaço", "tolo", "racista". São três alegações ouvidas na terça-feira à noite (madrugada de ontem em Angola) em Cleveland.
O antigo vice-Presidente de Barack Obama apresentou uma postura ofensiva que poucas vezes exibiu. "És o pior Presidente que a América alguma vez teve" e chegou a admitir ser "difícil responder seja o que for com este palhaço".
Durante todo o debate, porém, Biden manteve sempre um olho no ecrã, falando para o eleitor. Mais dois debates estão marcados antes da votação, a 3 de Novembro.