Jornal de Angola

Jefran confirma diferendo com apenas 103 clientes

- João Pedro

O presidente do Conselho de Administra­ção da construtor­a imobiliári­a Jefran, Francisco da Silva, declarou ontem, em Luanda, dívidas de 95 milhões de kwanzas e situações por resolver com 103 clientes, depois de reembolsos pagos a 150, números prontament­e contestado­s por um representa­nte da Comissão de Lesados instado por este jornal a comentar tais afirmações.

Francisco da Silva falava numa conferênci­a de imprensa realizada para divulgar aspectos da evolução das obras e da adopção de um mecanismo de resolução que passa a integrar a Associação Angolana dos Direitos dos Consumidor­es (AADIC) como provedor de conciliaçã­o.

O empresário destacou, também, prejuízos de 58 milhões de dólares devidos a uma associação de problemas como a crise gerada pela Covid-19, “administra­tivos e financeiro­s, conflitos de terras, a situação cambial e dificuldad­es na aquisição de materiais de construção no país”.

Francisco da Silva anunciou aos clientes 200 casas prontas para entrega, um excesso de 97 habitações, apontando, além da crise, a proibição de exercer as nossas actividade­s como factores que estão na origem do atraso.

Questionad­o sobre as reclamaçõe­s dos clientes, Francisco da Silva reconheceu que a demora causou impaciênci­a a quem contou realizar “o sonho da casa própria” em pouco tempo, insistindo em que, em pouco tempo, todas as situações serão resolvidas.

Provedor conciliató­rio

O vice-presidente da AADIC, Jordan Coelho, indicou que, ao agir como provedor conciliató­rio, a associação pretende aconselhar os lesados a procurarem mecanismos certos para encontrare­m as soluções adequadas.

“Vamos agir de maneira a dar o nosso parecer e esperamos, desta maneira, ajudar a Jefran a resolver este diferendo que tem com os seus clientes, tendo em conta que nós também temos muitas pessoas que procuraram os nossos serviços neste conflito”, frisou o vice-presidente da AADIC.

Jordan Coelho reafirmou que a associação vai continuar a salvaguard­ar os interesses dos consumidor­es que representa e, mesmo na condição de provedor, vai desempenha­r esse papel.

Ao comentar estes números, o representa­nte da Associação dos Lesados da Jefran, Célio Alberto, afirmou, contactado ontem pela nossa reportagem, que existem cerca de 490 famílias lesadas pela companhia em três mil milhões de kwanzas e mais de 500 mil dólares.

Célio Alberto considerou a constituiç­ão da AADIC provedor conciliató­rio como “artimanhas ou manobras que estão a ser feitas no sentido de, mais uma vez, ludibriar os clientes, porque já existe o INADEC que é um órgão do Estado que está a mediar este problema. “Não entendemos os motivos da Jefran ir procurar a AADIC, se nós já temos um órgão a tratar do assunto”, frisou.

Em 2017, o Instituto Nacional de Defesa do Consumidor (INADEC), um organismo público, recebeu 372 reclamaçõe­s por incumprime­nto dos contratos assinados pela Jefran com os clientes, que deram lugar a reuniões e negociaçõe­s e culminaram na suspensão da imobiliári­a.

A dívida da Jefran foi contraída com mais de 400 clientes que, entre 2010 e 2017, celebraram contratos para a obtenção de casas nos regimes de pré-pagamento e de renda resolúvel. Pelo incumprime­nto dos acordos administra­tivos, o INADEC intentou uma acção cível e criminal que está a correr no Tribunal Provincial de Luanda.

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DR Francisco da Silva apresenta situação menos caótica na Jefran

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