Tratemos bem os idosos
Comemorou-se ontem o Dia Mundial de Pessoas Idosas, uma data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1991, e que, entre os vários objectivos, visa lembrar a todos, em todo o planeta Terra, a necessidade de tratarmos bem as pessoas da terceira idade.
Numa altura em que a população mundial envelhece a passos largos, é preciso que se ganhe consciência, cada vez mais, sobre os direitos dos idosos, sobre a criação de espaços de intervenção e de defesa para melhor preservação do respeito e dignidade dessas pessoas.
Embora África tenha, no seu segmento demográfico, um tamanho colossal na base da sua pirâmide, o processo de envelhecimento da sua população é, gradualmente, uma realidade inegável. Atendendo ao papel da oralidade, da sucessão ao nível do Direito Costumeiro, entre outras práticas que colocam as pessoas de terceira idade no centro das atenções, em África a idade adulta tem uma importância transversal a todas as culturas.
Em Angola, a terceira idade tem protecção constitucional, que engaja as autoridades no que diz respeito às medidas de carácter económico, social e cultural tendentes a proporcionar às pessoas idosas oportunidades de realização pessoal, através de uma participação activa na vida da comunidade.
Estatui o artigo 82.º, sobre a terceira idade, da Constituição da República, no seu número 1, que “os cidadãos idosos têm direito à segurança económica e a condições de habitação e convívio familiar e comunitário que respeitem a sua autonomia pessoal e evitem ou superem o isolamento e a marginalização social”.
É preciso um grande e contínuo esforço, por parte das instituições do Estado, para que as pessoas idosas se sintam incluídas, participem, ao seu nível, do processo de transmissão do testemunho às gerações mais novas.
Não é exagerado dizer que parte do desafio que se assiste hoje, ligado à recuperação de valores morais e boas práticas, tende a ser, cada vez mais, dificultado se e quando os idosos deixarem de ter uma palavra a dizer.
Grande parte das crises familiares e, por arrasto, da sociedade deve-se também ao facto da geração mais velha, na maior parte dos casos, ter uma participação residual, muitas vezes como meros espectadores.
Com maior preponderância nas zonas urbanas, os idosos deixaram de ser parte das soluções dos problemas por que passam as famílias para, em muitos casos, passarem a verdadeiros fardos para os ascendentes. A forma como as famílias, nalguns casos, deixaram de ser propensas a acolher os seus idosos, colocando-os numa condição em que a única alternativa seja a adesão aos lares de terceira idade, revela o quanto andamos em matéria de tratamento dos nossos idosos.
Urge ganharmos consciência de que o fenómeno de ruptura geracional que se regista, deixando os idosos de lado e sem uma palavra a dizer, acarreta mais desvantagens do que vantagens para toda a sociedade em geral e para as famílias em particular.
Todos devemos respeito e ajuda aos idosos para que, na fase derradeira das suas vidas, tenham, ao menos, um envelhecimento com qualidade de vida e dignidade.