França extradita “tesoureiro” do genocídio do Rwanda
A Justiça francesa decidiu, ontem, transferir Félicien Kabuga, conhecido como o tesoureiro do genocídio do Rwanda, para a Tanzânia, onde será julgado por crimes contra a humanidade, revela a Efe.
Após 25 anos como um dos foragidos mais procurados do mundo, Kabuga foi preso em Maio, numa cidade nos arredores de Paris, usando uma identidade falsa. Félicien Kabuga tem 84 anos e é acusado de participar na criação das milícias hutu Interahamwe, principais braços armados do genocídio de 1994, que provocou 800 mil mortes, essencialmente entre a população da minoria tutsi, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas). Ele também é suspeito de ter contribuído com a sua fortuna para proporcionar armas aos milicianos hutus.
A defesa de Kabuga havia apresentado um recurso, rejeitado pelo Tribunal de Cassação da França, contra a sua transferência à Arusha, na Tanzânia, sede do Tribunal da ONU, que deve julgá-lo por genocídio e crimes contra a humanidade.
Em 1994, Félicien Kabuga fazia parte do círculo próximo ao Presidente rwandês, Juvénal Habyarimana. Uma das filhas de Kabuga era casada com um filho de Habyarimana. O assassinato do Presidente, em 6 de Abril de 1994, foi o ponto de partida para o genocídio. No período, Kabuga presidia à Rádio Televisão Free Thousand Hills (RTLM), que transmitia convocações para assassinar os tutsis, e o Fundo de Defesa Nacional, que colhia “fundos” para financiar a logística e as armas dos milicianos hutus.
Em Maio, Kabuga foi preso na região de Paris. Ele residia num apartamento de Asnières-sur-Seine, sob identidade falsa. Após a decisão do Tribunal de Apelação de Paris, a França tem um mês para transferir Kabuga para Arusha, sede do Tribunal da ONU, que o deve julgar por genocídio e crimes contra a humanidade.