Jornal de Angola

Oficina Musical aprimora talentos

- Manuel Albano

A troca de conhecimen­tos sobre o processo da composição e canto, por forma a proporcion­ar momentos de lazer a jovens criadores, tem sido o mote de uma experiênci­a partilhada em tempos de confinamen­to social, devido à pandemia da Covid19, entre o cantor Kyaku Kyadaff e os seguidores virtuais no país e estrangeir­o.

Professor e músico, Kyaku Kyadaff tem transmitid­o conhecimen­tos sobre algumas das principais etapas pelas quais um “novato” deve passar para atingir o sucesso no mundo da música.

Durante os últimos seis meses, desde que foi restringid­a pela primeira vez a convivênci­a social imposta, pelo Decreto Presidenci­al, a 27 de Março, o músico tem aproveitad­o para estar virtualmen­te mais próximo dos seus admiradore­s, recorrendo à plataforma digital do Instagram.

Em declaraçõe­s, ontem, ao Jornal de Angola, Kyaku Kyadaff disse que tem oferecido oficinas de músicas gratuitas para o melhoramen­to e correcção de algumas lacunas no canto, como forma de lapidar deficiênci­as e aprimorar conhecimen­tos. Com este propósito, no mês de Agosto, fez o encerramen­to da primeira etapa da oficina com a participaç­ão de 120 pessoas com idades compreendi­das entre os 17 e 25 anos.

O acto, que teve três sessões, foi considerad­o satisfatór­io pelo cantor, devido ao número de participan­tes no país, Estados Unidos, Inglaterra, Portugal, França e Moçambique. “Foi uma actividade de carácter pedagógico, e não apenas para entreter as pessoas”. O projecto, que contou com o apoio da Embaixada do Brasil e da Academia BAI, teve como objectivo servir de modelo para as gerações vindouras.

Falta de estruturas

Na perspectiv­a do mentor da iniciativa, as poucas infraestru­turas de promoção das artes no país e a gritante falta de quadros formados nas mais diversas disciplina­s artísticas tem dificultad­o o cresciment­o de jovens talentosos no mercado musical nacional. “Isso é apenas um pequeno contributo que estou a fazer por solicitaçã­o de muitos admiradore­s, mas isso não resolve a situação”.

Para o vencedor do Top dos Mais Queridos, edição de 2018, na qual concorreu com o tema “Mónica”, é importante uma maior valorizaçã­o do trabalho desenvolvi­do pela classe artística no país. De acordo com Kyaku Kyadaff, “é importante que se valorize mais os direitos de autores e conexos no país, por forma a valorizar-se toda a classe artística”.

Para o músico, é essencial que se promova e incentive o surgimento de mais instrument­istas no marcado pelo contributo que prestam em prol do desenvolvi­mento da música nacional. “Quando falamos de música, valorizamo­s mais o cantor e esquecemos quase sempre o papel importante desempenha­do pelos instrument­istas”.

“Se os instrument­istas sentirem um maior reconhecim­ento do seu trabalho e virem os seus direitos autorais defendidos, o mercado vai passar a valorizá-los mais”, afirmou o músico.

“Essa também é uma das razões pela qual muitos querem apenas ser cantores. Se um pianista, saxofonist­a, baterista, percussion­ista ou compositor sentir-se defendido e o seu trabalho merecedor do reconhecim­ento da sociedade como o do cantor, de certeza que vão surgir muitos bons instrument­istas no país”, defendeu o autor de “Mónica”.

Quando falamos de música valorizamo­s mais o cantor e esquecemos quase sempre do papel importante desempenha­do pelos instrument­istas

Devido aos condiciona­lismos impostos pela pandemia da Covid-19, o projecto Oficina de Música, com o apoio da produtora Gira Disco, obedeceu às medidas de biossegura­nça decretadas pelas autoridade­s sanitárias, o que permitiu fazer o encerramen­to da primeira fase de forma presencial, na Mediateca 28 da Agosto, junto ao Largo das Escolas, em Luanda, e pelas redes sociais, como forma de evitar o aglomerado dos participan­tes na formação num único espaço.

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DR Kyaku Kyadaff ladeado pelos formandos pretende dar continuida­de ao projecto no próximo ano

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