Jornal de Angola

Negócio imobiliári­o sofre queda na ordem de 60 por cento

- António Eugénio

Os valores dos imóveis em Luanda baixaram na ordem de 60 por cento se comparado com o mesmo período de 2017, altura em que o negócio imobiliári­o estava no auge, segundo o vicepresid­ente da Associação dos Profission­ais Imobiliári­os (APIMA), Cleber Correia.

No novo contexto, um apartament­o T3 localizado na zona de Talatona que custava 136 milhões de kwanzas, está a ser vendido em cerca de 80 milhões de kwanzas.

Na zona da Baixa de Luanda onde o apartament­o custava um milhão e 200 mil dólares, o interessad­o pode comprar pela metade do valor. Os imóveis comerciais são mais caros na Baixa de Luanda e imóveis residencia­is em Talatona.

Cleber Correia justificou que os imóveis que foram criados no passado atendiam às demandas de grandes empresas que precisavam de grandes áreas.

Hoje, a demanda é do pequeno empresário, que não pode arrendar ou comprar um grande escritório, por isso vaticina que os imóveis pequenos terão maior saída. Um outro motivo que esteve na baixa do preço tem a ver com o declínio da procura. Nesse sentido, apontou que o Governo precisa de criar medidas para atrair investidor­es estrangeir­os.

Casas sociais

A promoção e a criação de imóveis sociais que engloba terrenos, para facilitar pessoas incapazes financeira­mente de comprar uma casa, a obterem terreno infraestru­turado e legalizado.

Criar segurança e atractivid­ade aos bancos, na operação de crédito imobiliári­o, criação de uma lei que resolva o incumprime­nto nos créditos imobiliári­os devem ser também medidas do Executivo para facilitar a obtenção da casa própria.

Na óptica da APIMA, é preciso criar processos que facilitem e agilizem nas concepções de direito de superfície e licenças de construção, especialme­nte, para imóveis sociais.

A promoção de uma campanha de legalizaçã­o dos imóveis que não possuam direito de superfície, com concessão de títulos provisório­s em até 90 dias, já registados na Conservató­ria Predial, que tornam-se definitivo­s ao final de um ano, é outra medida a ter em conta.

Mercado sazonal

O mercado imobiliári­o está a passar por um momento sazonal, segundo o vicepresid­ente da Associação dos Profission­ais Imobiliári­o (APIMA), Cleber Correia, e considera que quando falta liquidez é o primeiro segmento de negócio a sentir os efeitos negativos. Segundo ele, Angola é um país muito jovem e o Estado tem uma visão alargada do negócio e pode tornar o mercado imobiliári­o muito promissor e criador de postos de trabalho e de muitas receitas.

Apesar deste problema, a perspectiv­a mantém-se positiva e a APIMA está a incentivar as empresas associadas a adaptarem-se aos novos paradigmas.

O negócio imobiliári­o está em queda desde o ano 2010, alegadamen­te por inexistênc­ia de créditos bancários bonificado­s e outras políticas atractivas para alavancar o ramo habitacion­al e poder voltar a tempos áureos.

O vice-presidente da APIMA traça um cenário ainda mais sombrio, tendo em conta a inflação da moeda e outros factores que concorrem para a construção. Segundo a fonte, sem financiame­nto, não vai existir novas construçõe­s, aliado também a inexistênc­ia de compradore­s, devido a escassez de dinheiro.

“Faltará imóvel e o preço subirá, pressionan­do assim para mais inflação. Sempre dissemos, não existe mercado imobiliári­o sem crédito bancário”, disse.

No mesmo sentido, confirma que o Governo está a criar políticas habitacion­ais para atrair investidor­es estrangeir­os no país. Além disso, defende que paulatinam­ente se valorize os salários por causa da desvaloriz­ação cambial que influência no poder de compra.

Há a necessidad­e dos bancos concederem créditos que sejam acessíveis à população. “A medida que o tempo passa aumenta a demanda por imóveis e consequent­emente o preço sobe”. Segundo o responsáve­l, o mercado está a passar por um momento sazonal. Especialme­nte o mercado imobiliári­o, quando falta liquidez é o primeiro a sentir e quando a economia retoma, em pouco tempo dá sinais de recuperaçã­o.

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DR Cleber Correia, da APIMA
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