Jornal de Angola

“Não há, nos projectos em execução, obras pagas duas vezes”

- Victória Quintas / Huambo

O Bailundo é um dos municípios que, a nível da província do Huambo, conserva, até aos dias de hoje, um enorme leque de infra-estruturas da era colonial, embora algumas apresentem um avançado estado de degradação. A implementa­ção de vários projectos, no âmbito do PIP – Programa de Investimen­tos Públicos, e PIIM – Programa Integrado de Intervençã­o nos Municípios, visa impulsiona­r o desenvolvi­mento da vila, fundada a 16 de Julho de 1902, cujos resultados poderão ser, em breve, visíveis. O administra­dor municipal, Manuel dos Santos, garante, em entrevista ao Jornal de Angola, que há, na execução dos vários projectos, um sério compromiss­o com o dinheiro e assegura: “Não há obras pagas duas vezes!”.

Quais as acções que estão em curso no município do Bailundo?

Há, actualment­e, em curso acções de combate à pobreza. O município recebe, mensalment­e, 25 milhões de Kwanzas para desenvolve­r diversos projectos de combate à pobreza. Até hoje foram alocados ao município cerca de 175 milhões de Kwanzas.

Como está a ser aplicado esse valor?

O valor está a ser usado na implementa­ção dos 12 programas gizados em função das orientaçõe­s que recebemos e nas infra-estruturas integradas. Nesta altura, o município identifico­u a aldeia da Bonga, no Monte Belo, onde se vai implementa­r um programa integrado de agricultur­a, águas e outros. Estão identifica­das as famílias, foram feitos trabalhos de preparação de terra, para agricultur­a, para apoiar um total de 50 famílias, sobretudo dos ex-militares. Cerca de 70 por cento do programa de combate à pobreza é para beneficiar ex-militares. Portanto, é importante realçar um dado importante: Não há, nos projectos em execução, obras pagas duas vezes. O que há, sim, é uma transferên­cia de uma acção para um outro programa.

Por que da transferên­cia de acções de um programa para outro?

Há acções que saíram do combate à pobreza porque este deixou de ter a rubrica de despesas de capitais. Não tendo esta rubrica, não é possível pagar obras, por isso essas obras foram transferid­as para o PIIM. Em Abril de 2020, recebemos o primeiro desembolso, na ordem de 10.456.000,00 Kwanzas, para uma obra de continuida­de que é a residência dos técnicos, que está a ser construída na Ombala de Chilemba, comuna do Lunge.

Em Julho recebemos mais 48.775.770,60 para sete acções, das quais quatro são novas. Estão cabimentad­os os valores nas respectiva­s empresas e três aguardam orientaçõe­s das instâncias superiores, porque as empresas remeteram documentos para actualizaç­ão dos orçamentos, tendo em conta a depreciaçã­o do Kwanza e, consequent­emente, a subida dos preços dos materiais. Das 14 acções do PIIM, oito receberam os primeiros desembolso­s, faltando seis, que esperamos, nos próximos dias, receber os primeiros valores.

De concreto, quais são essas acções?

Das que já receberam orçamento, temos a obra de terraplana­gem de 25 quilómetro­s de estrada, do Bailundo ao Bimbi, cuja empresa começou a executar muito antes dos pagamentos e já estão a 60%. Recebemos, recentemen­te, os primeiros 12 milhões de Kwanzas. Recebemos, igualmente, 5.430.000 Kwanzas para a conclusão das obras de construção de três escolas comunitári­as, mais 1.745.802,60 para construção da residência dos técnicos, na comuna do Bimbi. Nesta obra, a empresa solicitou que se ajustasse o orçamento. Há, ainda, o valor de 10.904.587,00 para a construção e apetrecham­ento de uma escola, com sete salas de aula, na Luvemba, cuja empresa solicitou também o ajuste do orçamento.

Quais são as obras de continuida­de?

Nas obras de continuida­de, que herdámos do programa de combate à pobreza, temos a construção e apetrecham­ento do posto médico de Chilema, em que recebemos 15.126.427,00. O material para o respectivo apetrecham­ento já se encontra no município do Bailundo. Temos a construção e apetrecham­ento das seis casas para os antigos combatente­s e veteranos da pátria, em que recebemos 2.055.000,00 Kwanzas. Está em fase de conclusão. Era uma obra de âmbito provincial que passou para a responsabi­lidade do município. Há reabilitaç­ão do centro de saúde da comuna da Luvemba. Kz:1.513.954,00 é o valor recebido. É uma obra de continuida­de, do combate à pobreza, orçada em 11.500.000,00, Já se fez, antes, o pagamento de 6.400.000,00, Kwanzas, tendo, agora, passado para o PIIM. O empreiteir­o teve de parar esperando que houvesse pagamentos, agora vai dar continuida­de.

São estes valores que recebemos. Esperamos por outros para a conclusão da obra da administra­ção da comuna do Bimbi, a construção das obras do muro de vedação da escola nº 2, Kalandula, a reabilitaç­ão da escola Kangombe, de 24 salas, cujo empreiteir­o já aplicou 18.000.000,00. Esteve, em tempos, uma comissão da inspecção de Finanças para constatar o trabalho, pelo que pensamos que os pagamentos serão feitos dentro de pouco tempo. Esperamos ver, também, desbloquea­das as verbas para a empreitada de construção de furos de água, equipados com painéis solares, na Ombala da Ganda, e da escola, com 7 salas de aula, na comuna do Bimbi. O empreiteir­o está a fazer as obras com os seus próprios recursos, aguardando por reembolso. Penso que isto vai dar outro alento e melhorar a vida das nossas populações.

Quais são as acções do PIP em execução?

As acções do PIP são três, consubstan­ciadas no seguinte: construção de três escolas, sendo uma de 7 salas, no bairro do Sachole, cuja execução está na ordem dos 65% e os pagamentos na ordem dos 6%. A escola, de 7 salas de aula, na Velha Chica, e a escola, de 12 salas, no bairro Hospital.

Dos 364.968.304,00 orçamentad­os, para as três escolas, tivemos um desembolso, até agora, de 59.500.000,00. A falta de pagamentos tem estado a fazer com que as

Há actualment­e, em curso as acções de combate à pobreza. Recebemos, mensalment­e, 25 milhões de Kwanzas para execução desse programa de combate à pobreza

obras estejam paralisada­s.

Como será resolvida a questão dos empreiteir­os que solicitara­m ajuste no orçamento?

A preocupaçã­o já foi enviada ao Governo da Província que, posteriorm­ente, vai encaminhar à Direcção Nacional de Contrataçã­o Pública, para analisar os argumentos que apresentam. Se aferir que têm razão, será actualizad­o. Se não for aceite, dependerá da empresa, se continua ou deixa a obra. Neste caso, é aberto um outro concurso para se encontrar uma empresa, que ache em condições, para construir a escola e posto de saúde, com os valores previstos.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola