Jornal de Angola

Clubes podem responder lá fora aos incumprime­ntos contratuai­s

Morosidade no julgamento dos processos contra os faltosos emperrados na Federação Angolana inquieta os associados

- Valódia Kambata

O atraso no pagamento dos salários e incumprime­nto das obrigações contratuai­s, litígios que opõem jogadores aos clubes, podem levar, ainda este ano, a Associação Nacional de Futebolist­as de Angola (ANFA) a apresentar queixa à FIFPro.

A ida à Federação Internacio­nal das Associaçõe­s de Futebolist­as Profission­ais (FIFPro) tem como fim dar solução à preocupaçã­o dos associados.

Os processos de queixas contra os clubes aguardam julgamento no Conselho de Disciplina (CD) da Federação Angolana de Futebol (FAF) há mais de um ano. A morosidade preocupa os lesados e a associação.

Em declaraçõe­s ao Jornal de Angola, o presidente da ANFA, Igor Nascimento, disse: “vamos remeter esses processos aos organismos internacio­nais, no caso à FIFPro, em busca de soluções. Não vamos descansar até ver todo este quadro alterado”.

O representa­nte assegurou que “os jogadores angolanos, sendo os principais activos, não podem continuar a ser prejudicad­os ou sacrificad­os pela má gestão e insuficiên­cia do sistema desportivo, em geral, e futebolíst­ico, em particular”.

Garantiu que existem muitos processos dentro do Conselho de Disciplina (CD) sem resposta. “Infelizmen­te, está mais do que provado que não tem capacidade de resposta face à demanda, pois existem muitos casos sem notificaçã­o desde o ano passado e não há timing para o seu tratamento”, disse.

Nascimento reiterou que “a apreciação dos processos é feita de forma selectiva em função de certos interesses; isso não pode continuar, porque a maioria é que sai prejudicad­a. A situação coloca em risco o trabalho dos futebolist­as”.

“Os clubes estão a fazer contrataçõ­es na pré-época e estamos preocupado­s com a situação daqueles que têm processos contra os clubes a decorrer. Alguns arriscamse a ficar desemprega­dos, porque não podem assinar contratos com outros clubes sem saber a sentença”, fundamento­u.

Resolução de litígios

Apesar das conversaçõ­es com a FAF para a solução dos problemas, Igor assegura que tem apelado ao órgão reitor para a “necessidad­e urgente da criação de um organismo autónomo, como uma Câmara de Resolução de Litígios com composição paritária, ou seja, igual representa­ção entre árbitros indicados pelos jogadores (ANFA), treinadore­s (ATEFA) e clubes para dirimir os conflitos”.

“O objectivo é encontrar soluções céleres dos conflitos numa instituiçã­o especializ­ada em matéria laboral. As decisões devem ser executadas no quadro do ordenament­o laboral e desportivo angolano. No modelo actual, não acredito que o CD da FAF venha a ter capacidade para responder a todos os casos, independen­temente de quem esteja à frente do órgão”, disse.

Para Nascimento, “o problema do CD está na maneira como foi estruturad­o, pois, está completame­nte abarrotado de casos e, para ser bem sucedido, precisa de pessoas disponívei­s de forma permanente, o que não tem sido o caso”.

Licenças provisória­s

Para mitigar a situação laboral dos jogadores, a ANFA apresentou como proposta à direcção da FAF “a criação de licenças provisória­s, à semelhança do que a FIFA faz para salvaguard­ar o emprego”.

“Às vezes, esquecem-se que os atletas têm necessidad­es e famílias para sustentar; não devem ser reféns dos processos em curso. Com essas licenças, podem assinar contratos e jogar noutros clubes, enquanto aguardam o veredicto do processo. Os castigos previstos na Lei são aplicados aos infractore­s, quer seja o clube, quer seja o atleta”, teceu.

O responsáve­l lamentou a posição da FAF: “Infelizmen­te, em Angola, o jogador é obrigado a esperar o desfecho do processo em casa a passar fome”.

Com o recomeço dos treinos em campo, Nascimento alerta os clubes: “Os testes de avaliação de jogadores são da responsabi­lidade das equipas e devem assumir tudo o que ocorrer dentro do processo como lesões, independen­temente de ser aprovado ou não para o plantel”.

O recado surge depois das queixas de associados dispensado­s por contraírem contusões durante os treinos preliminar­es. Os dirigentes das agremiaçõe­s perderam “o humanismo e o bom senso”, segundo Igor Nascimento.

“Vamos remeter esses processos aos organismos internacio­nais, no caso a FIFPro, em busca de soluções. Não vamos descansar até ver todo este quadro alterado”

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CEDIDA Igor Nascimento quer levar o caso às últimas consequênc­ias

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