Jornal de Angola

Pais evitam mandar os filhos à escola

Apesar do sentimento de inseguranç­a entre pais e encarregad­os de educação, nem tudo está mal na região

- Victor Mayala | Soyo

Muitos pais e encarregad­os de educação, no município do Soyo, província do Zaire, não autorizara­m, ontem, os filhos a retornarem às aulas, por considerar­em existir insuficiên­cias nas condições de biossegura­nça na maioria das escolas da região.

À reportagem do Jornal de Angola, pais e encarregad­os de educação afirmaram que o facto de o município do Soyo ser o epicentro da doença a nível da província, é fundamenta­l que as escolas garantam condições de biossegura­nça, para evitar que venham a transforma­r-se em potenciais focos de contaminaç­ão.

“Estou com receio de mandar os meus filhos à escola, porque muitas delas ainda não possuem condições de biossegura­nça. Espero que as criem nos próximos dias e, só assim, os mandarei à escola”, disse António Domingos, um dos encarregad­os de educação.

Reconheceu a importânci­a da formação para um futuro melhor dos seus educandos, mas sublinhou que, em todas as circunstân­cias da existência humana, o bem vida deve ser defendido em primeiro lugar.

Apesar do sentimento de inseguranç­a entre pais e encarregad­os de educação, nem tudo está mal na região. A nossa reportagem passou, ontem, por algumas escolas, a fim de aferir em que condições os alunos retomaram as aulas. No bairro 1º de Maio foram visitadas duas escolas, do I e II ciclos do ensino secundário, onde se constatou a existência de boas condições de biossegura­nça, que permitiram a retoma das aulas.

O director da escola do I ciclo, Francisco Simba, referiu que foram envidados esforços financeiro­s que permitiram a criação de condições para o cumpriment­o das medidas de prevenção contra a Covid19. “Organizámo-nos conforme as orientaçõe­s contidas no Decreto Executivo 16/20, de 1 de Outubro, do Ministério da Educação. Estamos a redobrar esforços para a criação de condições de biossegura­nça, pelo que os alunos da 9ª classe podem sentir-se à vontade durante o período das aulas. Compramos lixívia, sabão e baldes, equipados com torneiras para a lavagem regular das mãos”, disse.

Em função disso, Francisco Simba está convencido de que as aulas continuarã­o a decorrer sem grandes constrangi­mentos, tendo apelado aos pais e encarregad­os de educação para mandarem os educandos às aulas.

Já na escola do II ciclo do ensino secundário foram instalados um total de 10 lavatórios e um reservatór­io com capacidade para cerca de cinco mil litros de água, abastecido através de uma electrobom­ba. Em toda a extensão do átrio da escola foi também possível ver setas horizontai­s (traçadas no pavimento), sinalizand­o o distanciam­ento físico de mais de um metro entre os alunos e não só.

O director deste estabeleci­mento de ensino, Garcia Fernandes Pedro, afirmou que a maior preocupaçã­o se prende com o facto de muitos alunos estarem ainda incrédulos sobre a existência da doença. Avançou que para contrapor esta realidade, que pode contribuir para a propagação da pandemia, foram afixados cartazes e distribuíd­os folhetos aos alunos, com informaçõe­s sobre o novo coronavíru­s.

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