Pais evitam mandar os filhos à escola
Apesar do sentimento de insegurança entre pais e encarregados de educação, nem tudo está mal na região
Muitos pais e encarregados de educação, no município do Soyo, província do Zaire, não autorizaram, ontem, os filhos a retornarem às aulas, por considerarem existir insuficiências nas condições de biossegurança na maioria das escolas da região.
À reportagem do Jornal de Angola, pais e encarregados de educação afirmaram que o facto de o município do Soyo ser o epicentro da doença a nível da província, é fundamental que as escolas garantam condições de biossegurança, para evitar que venham a transformar-se em potenciais focos de contaminação.
“Estou com receio de mandar os meus filhos à escola, porque muitas delas ainda não possuem condições de biossegurança. Espero que as criem nos próximos dias e, só assim, os mandarei à escola”, disse António Domingos, um dos encarregados de educação.
Reconheceu a importância da formação para um futuro melhor dos seus educandos, mas sublinhou que, em todas as circunstâncias da existência humana, o bem vida deve ser defendido em primeiro lugar.
Apesar do sentimento de insegurança entre pais e encarregados de educação, nem tudo está mal na região. A nossa reportagem passou, ontem, por algumas escolas, a fim de aferir em que condições os alunos retomaram as aulas. No bairro 1º de Maio foram visitadas duas escolas, do I e II ciclos do ensino secundário, onde se constatou a existência de boas condições de biossegurança, que permitiram a retoma das aulas.
O director da escola do I ciclo, Francisco Simba, referiu que foram envidados esforços financeiros que permitiram a criação de condições para o cumprimento das medidas de prevenção contra a Covid19. “Organizámo-nos conforme as orientações contidas no Decreto Executivo 16/20, de 1 de Outubro, do Ministério da Educação. Estamos a redobrar esforços para a criação de condições de biossegurança, pelo que os alunos da 9ª classe podem sentir-se à vontade durante o período das aulas. Compramos lixívia, sabão e baldes, equipados com torneiras para a lavagem regular das mãos”, disse.
Em função disso, Francisco Simba está convencido de que as aulas continuarão a decorrer sem grandes constrangimentos, tendo apelado aos pais e encarregados de educação para mandarem os educandos às aulas.
Já na escola do II ciclo do ensino secundário foram instalados um total de 10 lavatórios e um reservatório com capacidade para cerca de cinco mil litros de água, abastecido através de uma electrobomba. Em toda a extensão do átrio da escola foi também possível ver setas horizontais (traçadas no pavimento), sinalizando o distanciamento físico de mais de um metro entre os alunos e não só.
O director deste estabelecimento de ensino, Garcia Fernandes Pedro, afirmou que a maior preocupação se prende com o facto de muitos alunos estarem ainda incrédulos sobre a existência da doença. Avançou que para contrapor esta realidade, que pode contribuir para a propagação da pandemia, foram afixados cartazes e distribuídos folhetos aos alunos, com informações sobre o novo coronavírus.