10% da população mundial já foi infectada pela Covid-19
A Organização Mundial da Saúde estima agora que uma em cada dez pessoas no mundo já terão sido infectadas desde que o vírus apareceu pela primeira vez
A OMS estimou, ontem, que 10 por cento das pessoas em todo o mundo já terão sido infectadas pelo novo coronavírus - muito mais do que o registado oficialmente.
Até ao momento, mais de 35 milhões de casos de Covid19 foram registados, incluindo cerca de 1,04 milhões de óbitos, de acordo com uma contagem da AFP baseada em fontes oficiais. Mas Organização Mundial da Saúde estima agora que uma em cada dez pessoas no mundo já terão sido infectadas desde que o vírus apareceu pela primeira vez na China, em Dezembro do ano passado, ou seja, dos 7,8 mil milhões de pessoas no planeta, já terão sido infectadas cerca de 780 milhões - mais de 20 vezes a contagem oficial.
"A nossa melhor estimativa actual diz-nos que cerca de 10 por cento da população global pode ter sido infectada por este vírus", disse o director de emergências sanitárias da OMS, Michael Ryan, numa reunião especial do conselho executivo da agência.
O médico irlandês sublinhou que os níveis de infecção variam "do espaço urbano para o rural e varia entre diferentes grupos". "Mas o que sabemos é que a grande maioria do mundo continua em risco", avisou, deixando o alerta: "Estamos a entrar num período difícil. A doença continua a espalhar-se".
Sinal para despertar
Enquanto isso, o directorgeral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse na reunião de ontem que a pandemia
Michael Ryan, director de emergências sanitárias da OMS
deveria servir como um "alerta para todos".
"Devemos todos olhar-nos ao espelho e perguntar o que podemos fazer melhor," disse Tedros, que rebateu as críticas à forma como a agência da ONU lidou com a pandemia, insistindo que desde o início a OMS tem "trabalhado 24 horas por dia para apoiar os países a prepararem-se e responder a este novo vírus".
Tedros, usando uma máscara preta com um padrão colorido nas laterais, também defendeu vigorosamente o processo de reforma da organização nos últimos três anos, mas reconheceu que ele deve ser acelerado. "Não estamos no caminho errado. Estamos no caminho certo, mas precisamos de ir mais rápido", disse.
A directoria executiva da OMS, composta por representantes de 34 países eleitos por períodos de três anos, reúnese ao longo de dois dias, nesta semana, naquela que é apenas a sua quinta sessão especial.
O objectivo é avaliar o progresso na implementação de uma "avaliação imparcial, independente e abrangente" da resposta da OMS à pandemia, conforme solicitado pelos Estados membros.
Novas ideias
Tedros disse que os países estão a ser encorajados a "apresentar novas ideias", insistindo que "devemos estar abertos a mudanças e implementá-las agora".
A OMS recebeu duras críticas pela sua resposta à pandemia, em particular dos Estados Unidos, que sob o Presidente Donald Trump começaram a retirar-se da organização que acusam de ter respondido demasiado tarde à pandemia.
Tedros nega veementemente as acusações, insistindo que a OMS agiu rapidamente assim que recebeu a notícia do novo vírus, destacando que havia declarado o nível de alerta mais alto no dia 30 de Janeiro.
A organização também foi criticada por desacelerar ou mudar as recomendações sobre as melhores medidas a serem tomadas para conter a propagação do vírus, incluindo a importância do uso de máscaras faciais.
Tedros Adhanom Ghebreyesus enfatizou o enorme esforço da OMS para fornecer informações actualizadas e precisas face a uma crise global de rápido desenvolvimento."Há dez meses, esse vírus era completamente desconhecido no mundo", disse.
"Já publicámos mais de 400 documentos de orientação para indivíduos, comunidades, escolas, empresas, indústrias, profissionais de saúde, unidades de saúde e governos."
"A OMS não tem mandato ou capacidade para fazer tudo", disse Tedros, acrescentando, no entanto, que está numa posição única para coordenar a resposta global.