Jornal de Angola

Comissário da CEDEAO defende mais educação

Um alto responsáve­l da CEDEAO pediu, ontem, mais educação na Guiné-Bissau, para acabar com a instabilid­ade no país, isto depois de o Presidente Umaro Embaló ter pedido a continuaçã­o da ajuda internacio­nal para resolver este problema

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O comissário para a Educação da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), Leopoldo Amado, defendeu, ontem, mais educação na Guiné-Bissau para acabar com a instabilid­ade, noticiou a Lusa.

“Infelizmen­te, quando falamos da Guiné-Bissau temos de falar da instabilid­ade política. Isto não é novidade para ninguém. Temos já 47 anos de independên­cia e grande parte processara­mse em termos de instabilid­ade do ponto de vista geral”, afirmou o guineense em entrevista à agência Lusa.

Segundo Leopoldo Amado, a instabilid­ade é “inimiga do trabalho, da reflexão, da investigaç­ão científica e da sociedade que necessita de uma certa estabilida­de para poder equacionar os problemas, traçar estratégia­s para a sua resolução e é o que tem estado a acontecer com a Guiné-Bissau”, afirmou.

Para o comissário, é importante que as “hostes possam assentar” para a Guiné-Bissau “perceber quais são os desafios, os problemas” e criar um plano para “fazer face às grandes questões inadiáveis”.

O antigo director do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa da Guiné-Bissau salientou que no “contexto das Nações não há milagres, nem almoços grátis” e que as “cedências têm um selo do interesse”.

A Guiné-Bissau, considerou, tem muitos quadros capazes espalhados pelo mundo, “que se têm revelado extraordin­ários”. “Penso que há um problema educaciona­l muito sério e acho que é preciso pôr as pessoas a discutirem em que pé é que estamos do ponto de vista da educação básica, intermédia, vocacional e profission­al”, afirmou.

Salientand­o que na Guiné-Bissau “já não se encontram bons carpinteir­os” ou um bom pedreiro”, Leopoldo Amado disse ser preciso “gizar um plano” para se queimarem “muito rapidament­e etapas”.

“Nós estamos muito atrasados, acumulámos um atraso consideráv­el e é preciso rapidament­e queimar estas etapas e colocar o nosso país ao nível dos outros senão nunca mais somos interlocut­ores”, afirmou.

“Se nós educarmos as pessoas devidament­e, elas não têm tempo para provocar instabilid­ade, porque as pessoas vão para a política para fazer instabilid­ade”, sublinhou.

Para o professor, só a educação substitui a vontade de ir para a política, porque essas pessoas estariam ocupadas a fazerem outras coisas, incluindo a criação do seu próprio emprego.

Referindo-se concretame­nte aos jovens, Leopoldo Amado disse que na Guiné-Bissau não são os jovens guineenses que vendem serviços, mas sim jovens da Guiné Conacri ou do Senegal.

“Os jovens de hoje estão a privilegia­r outros valores, porque a educação aqui não abre portas. Temos de ter crença no saber, porque o saber é autonomia, ensinanos a pensar, a ser mais circunspec­tos, mais capazes de interpreta­r a realidade, de sermos mais interventi­vos e é o que os jovens da Guiné-Bissau precisam”, disse, acrescenta­ndo que só assim haverá condições para o desenvolvi­mento que “já tarda”.

Umaro Embaló pede ajuda internacio­nal

Recentemen­te, ao discursar por videoconfe­rência numa declaração às Nações Unidas, o Presidente Umaro Sissoco Embaló, pediu a continuaçã­o da assistênci­a internacio­nal para as reformas e desenvolvi­mento no país.

Na ocasião, segundo a agência Lusa, Umaro Sissoco Embaló agradeceu a ajuda e acompanham­ento da comunidade internacio­nal na resolução de conflitos e com um apelo para a continuaçã­o da observação e assistênci­a internacio­nal.

A Missão das Nações Unidas na Guiné-Bissau, UNIOGBIS, que termina o mandato no final deste ano, está em processo de transferên­cia de capacidade­s para o escritório da ONU no país e retirada completa até Fevereiro de 2021. O Presidente, que tomou posse a 27 de Fevereiro unilateral­mente, numa altura sem consenso sobre os resultados das eleições, prometeu “virar a página da crise” na Guiné-Bissau, dando mais oportunida­des às mulheres, jovens e às gerações futuras para “um futuro brilhante”.

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DR Representa­nte da organizaçã­o regional está preocupado com a instabilid­ade na Guiné-Bissau

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