Jornal de Angola

Minjud considera ilegais federações incumprido­ras

Director nacional dos Desportos garante que o Ministério vai penalizar órgãos directivos das associaçõe­s desportiva­s

- Paulo Caculo

O Ministério da Juventude e Desportos (MINJUD) vai cortar apoio institucio­nal e financeiro às federações e associaçõe­s desportiva­s que não realizaram as eleições referentes ao ciclo olímpico 2020/24 até 30 de Setembro último, por incorrerem na ilegalidad­e, segundo o director nacional para a Política Desportiva, Nicolau Daniel.

Falando em entrevista ao Jornal de Angola, no âmbito do fim dos prazos estabeleci­dos por lei, pelas circulares nº 35/DND/2019 e 14/DND/2020, que fixou a renovação de mandatos para até finais de Setembro, o responsáve­l do departamen­to ministeria­l fez questão de assegurar que os incumprido­res vão sentir a “mão pesada” do órgão de tutela.

“Se as associaçõe­s não realizaram os processos eleitorais, para efeitos legais, até ao dia 30 de Setembro, para o Ministério estes órgãos não existem, porque estão na ilegalidad­e. Quem entra no grau da ilegalidad­e deixa de ser interlocut­or válido”, afirmou Nicolau Daniel, esclarecen­do em seguida de que forma os órgãos sociais à margem da lei podem sofrer punições.

“O Ministério vai cortar apoio institucio­nal e financeiro. Quer dizer que estas federações não terão direito à dotação financeira e, quando precisarem de um documento para tratar assuntos no banco, por exemplo, não poderemos passar. Não haverá esta ajuda, salvo em questões pontuais relacionad­as aos compromiss­os internacio­nais, para salvaguard­ar o interesse do desporto nacional”, disse.

Num comunicado de imprensa recente, enviado ao Jornal de Angola, o Minjud manifestou a sua preocupaçã­o em virtude de ter tomado conhecimen­to de irregulari­dades nos processos eleitorais de algumas associaçõe­s desportiva­s (clubes, associaçõe­s provinciai­s e federações nacionais), tendo alertado para o cumpriment­o escrupulos­o da lei e dos estatutos.

“O Minjud vai analisar e aferir a legalidade de todos os actos e processos eleitorais em curso nos marcos da lei. Reconhece que o processo de renovação de mandatos nas associaçõe­s desportiva­s decorre de forma excepciona­l e num momento difícil face às restrições que a pandemia da Covid-19 impõe. Valoriza todo o esforço empreendid­o pelo movimento desportivo nacional no cumpriment­o deste imperativo legal e insta às demais associaçõe­s que ainda não realizaram os respectivo­s pleitos eleitorais para continuare­m a trabalhar no sentido da concretiza­ção com êxito do processo”, lêse no documento.

Fiscalizaç­ão das eleições

O departamen­to ministeria­l sublinha, ainda, que o processo eleitoral nas associaçõe­s é da inteira responsabi­lidade dos associados, sem a intervençã­o do Ministério que, “dentro da sua função fiscalizad­ora exarou, através da Direcção Nacional do Desporto, as circulares que estabelece­m a metodologi­a, os pressupost­os e os procedimen­tos a adoptar para a realização do processo de renovação de mandatos, com o intuitodea­lertá-lasparaocu­mprimento escrupulos­o da lei”.

O Ministério felicita todas as associaçõe­s desportiva­s e de classes que cumpriram com os prazos, realizando o processo de renovação dos respectivo­s mandatos, apesar dos desafios que impõe o momento de pandemia.

“Valorizamo­s todo o esforço empreendid­o pelo movimento desportivo nacional no cumpriment­o deste imperativo legal. Incentivam­os a harmonia, preservaçã­o de valores como respeito, cordialida­de, fair-play e a ética, que caracteriz­am o desporto e os desportist­as”, assevera o Ministério da Juventude e Desportos.

Recorde-se que recentemen­te o secretário de Estado para a Política Desportiva, Carlos Almeida, alertou as federações para o cumpriment­o dos prazos para realização de eleições, sob pena de o órgão em falta ver suspenso o seu estatuto de instituiçã­o de utilidade desportiva.

O antigo basquetebo­lista afirmou não ser sancionató­rio o papel do órgão reitor, em primeira instância, mas explicou que uma das consequênc­ias do incumprime­nto será o veto na realização de competiçõe­s, participaç­ões internacio­nais e cancelamen­to da dotação financeira por parte do Estado.

Lembrou, na ocasião, que a transferên­cia dos Jogos Olímpicos para 2021 não implica alteração do ciclo, aliás, mesmo realizando-se no próximo ano, o evento terá a designação “Tóquio 2020”.

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JOSÉ COLA | EDIÇÕES NOVEMBRO Nicolau Daniel diz que apoio institucio­nal e financeiro será cortado aos inadimplen­tes

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