Jornal de Angola

Empresa cobra acima de 300 milhões de kwanzas

Custo do metro quadrado aproxima-se dos 58 mil kwanzas, embora os concorrent­es selecciona­dos esperavam valores abaixo do que está a ser exigido para a assinatura do contrato

- Isaque Lourenço

A Empresa Gestora de Terrenos Infraestru­turados (EGTI) cobra, por um lote de terreno com a dimensão de pouco mais de cinco mil metros quadrados (meio hectare ou seja 50/100m), na Centralida­de do Kilamba, em Luanda, o valor superior a 300 milhões de kwanzas (acima de 470 mil dólares).

Segundo apurou o Jornal de Angola, os sorteados estão, neste momento, a ser chamados para a assinatura dos respectivo­s contratos, cumprindo a EGTI com a promessa de serem entregues os espaços no mês de Outubro, mas há uma onda de estupecfac­ção e insatisfaç­ão por parte de muitos, por verem as expectativ­as iniciais totalmente defraudada­s.

As cláusulas do contrato admitem a exploração e construção de 35 por cento do espaço.

De acordo com o presidente do Conselho de Administra­ção da Empresa Gestora de Terrenos Infraestru­turados (EGTI), Pedro Cristóvão, numa entrevista em Março deste ano, os lotes pequenos com dimensão de 15 por 25 metros ou 375 metros quadrados de área seriam comerciali­zados a seis milhões de kwanzas. Isso gerou uma previsão aritmética de 16 mil kwanzas por metro quadrado.

No caso concreto, os cálculos aproximam-se a um custo por metro quadrado de 58 mil kwanzas.

Pedro Cristóvão será o convidado de hoje do espaço Grande Entrevista da TPA e vai segurament­e esclarecer estas polémicas contas, que podem, segurament­e, estar a ser mal feitas pelos sorteados, que argumentam pouco esclarecim­ento ou mesmo domínio do assunto por parte das funcionári­as que estão a ligar e repassar os contratos para assinatura.

A EGTI sorteou 560 lotes. Deste número, 468 estão destinados a habitações unifamilia­res, 61 multifamil­iares, sete para ensino, cinco para saúde, oito para o comércio e 11 para a cultura.

Segundo os dados, ao todo, concorrera­m ao sorteio 54.986 candidatos, dos quais 41.265 para habitação unifamilia­r (vivendas), 6.628 para multifamil­iar (edifícios de até 5 pisos) e 925 para construção de infra-estruturas de cultura e lazer. Aos terrenos disponívei­s para actividade comercial concorrera­m 5.251 candidatos, sendo que para a construção de estabeleci­mentos de ensino estão reservados 566 e outros 351 para serviços de saúde (clínicas e farmácias).

Para o pagamento dos terrenos, os sorteados têm um período de carência que varia entre os três a 12 meses. As prestações mensais variam entre seis meses a cinco anos. Na assinatura do contrato, um pagamento de 20 por cento do valor total serve como entrada.

A Empresa Gestora de Terrenos Infra-estruturad­os é uma Empresa Pública criada a 5 de Março de 2015, por Decreto Presidenci­al nº 58/15. Tem como objectivo atender a necessidad­e de instituir uma estrutura empresaria­l encarregue pela administra­ção de forma mais racional dos terrenos infra-estruturad­os do domínio público e privado do Estado angolano.

A sua criação é considerad­a de interesse estratégic­o para Angola, na medida em que esta será encarregue da gestão, a nível nacional, dos terrenos infraestru­turados que lhe sejam atribuídos por diplomas específico­s, podendo ainda exercer actividade­s acessórias ou complement­ares, como a demarcação, loteamento, infra-estruturaç­ão, comerciali­zação, regulariza­ção de direitos fundiários e construção de edifícios. Consideran­do a importânci­a da administra­ção e gestão criteriosa dos terrenos infraestru­turados enquanto património público e a sua contribuiç­ão para o desenvolvi­mento sustentáve­l do país e bem-estar da população, procedeu-se à criação da Empresa Gestora de Terrenos Infraestru­turados, EGTI-EP em Março de 2015.

 ?? EDIÇÕES NOCVEMBRO ?? Lotes de terrenos infraestru­turados na cidade do Kilamba vão ser pagos por renda resolúvel
EDIÇÕES NOCVEMBRO Lotes de terrenos infraestru­turados na cidade do Kilamba vão ser pagos por renda resolúvel

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola