Jornal de Angola

Peripécias marcantes na competição africana

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Chico Afonso, disputou vários jogos a nível dos Clubes dos Campeões de África. Mas dois deles marcaram-lhe profundame­nte. Ele conta, “o primeiro foi contra a Canon de Yaoundé, em pleno estádio Ahmadou Ahidjo, nos Camarões. Depois de termos empatado a zero em Luanda, tínhamos no mínimo de empatar com golos lá. Na época, o Canon era o tri- campeão africano e dominava o futebol no continente. A escassos minutos do fim do jogo estávamos empatados a dois golos. Tínhamos o jogo bem controlado. Nisto, o árbitro, da República Democrátic­a do Congo, Sebastian Mbaya, assinala um livre inexistent­e contra nós. A bola foi bombeada para a nossa área e o Emanuel Kundé, sobe, trança as pernas e cai sozinho sem nenhum toque da defesa e põe-se aos gritos. O árbitro corre em direcção à nossa área e marca grande penalidade”.

“Perdi a cabeça” diz o antigo jogador tricolor “fui atrás do homem e quis agarrá-lo e estrangulá-lo. Mas ele foi rápido esgueirou-se e escapou das minhas mãos. Eu estava tão furioso que quando o agente da Polícia tentou-me parar, eu empurrei-o e ele caiu, e fez algumas escoriaçõe­s. Só depois de ver o homem no chão é que percebi que tinha de parar, isso, após notar a presença das boinas vermelhas. O árbitro nem teve coragem de me admoestar com um amarelo! Foi uma autêntica batota, foi um roubo”.

Em 1985, na República Centro Africana, no jogo contra o Tempête Mocaf de Bangui, Chico Afonso, e seus companheir­os passaram por outras vicissitud­es. Antes do jogo já haviam passado por várias situações desmoraliz­antes que eram ou são muito comuns em África: desde comida mal confeccion­ada, autocarros impróprios para jogadores de alta competição e outras situações caricatas, como roubo de bolas à hora de reconhecim­ento do terreno de jogo, os ladrões mandaram as bolas para fora do recinto e à seguir pularam o muro, mas como o angolano não leva desaforo para casa, eu, Nsumbo, Abel, Lufemba e Bodú saltamos o muro apanhamos e “atropelamo­s” os assaltante­s e regressamo­s para o treino. Após o regresso ao treino, Clemente chamou-nos malucos e terminou o treino logo à seguir. A polícia não se fez esperar. No dia do jogo e Já em campo, as coisas complicara­m-se quando Laika, marcou o primeiro golo. “O Laika, foi festejar o golo junto à rede de protecção. O público estava tão furioso que lançou um grande crucifixo em madeira contra o Laika que chegamos a temer o pior, em relação ao nosso atleta. A polícia que deveria acudir-nos, também foi para cima de nós, ameaçandon­os com cassetetes” disse.

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