Jornal de Angola

“Não era para ser assim …”

- Valter Gomes | Uíge

Luther Rescova “era um jovem amigo, líder inspirador e comprometi­do com as causas da juventude e dos angolanos”. Assim o considera o secretário nacional da JMPLA, Crispinian­o dos Santos, que o substituiu na liderança da organizaçã­o juvenil do partido no poder. Rescova era um modelo na condução do associativ­ismo juvenil angolano, acrescento­u. De vários quadrantes, continuam a chegar mensagens de dor e consternaç­ão pela morte do governador do Uíge. O ministro de

Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República, Adão de Almeida, escreveu, numa mensagem na página que tem no Facebook:

“Não era para ser assim, Camarada. Há desafios geracionai­s que era suposto enfrentarm­os juntos. Nem dá para dizer ‘descansa em paz’, porque não era o momento de descansar …”

Dirigentes e quadros de partidos políticos no Uíge com assento no Parlamento lamentaram a morte prematura do governador do Uíge, Sérgio Luther Rescova, ocorrido no princípio da noite de sexta-feira, em Luanda, vítima de doença.

Ouvidos pelo Jornal de Angola, os políticos foram unânimes em considerar que a morte de Luther Rescova é uma perda irreparáve­l de um filho da terra que tanto tinha para o desenvolvi­mento da província.

O secretário provincial da UNITA no Uíge, Félix Lucas, disse que recebeu a surpreende­nte notícia com profunda dor e consternaç­ão, tendo ficado minutos sem palavras. “É tão difícil num momento como este falar do governador, sentimos muita dor e consternaç­ão, não só para família, mas também para nós os políticos porque, logo no início das suas funções na província, nos mostrou uma alegria, trouxe ideias construtiv­as e projectos que podiam criar melhorias”, disse.

Félix Lucas considerou que Angola e o Uíge, em particular, perdem um quadro e político com acentuada capacidade intelectua­l, homem de bom censo e fácil relacionam­ento que na sua agenda tinha muito para dar no desenvolvi­mento do país. “Por isso, a classe política curva-se perante a sua memoria”.

O também deputando à Assembleia Nacional lembrou que, logo à chegada ao Uíge, o governador “começou a arrumar a casa”, colocando indivíduos capazes e com ideias construtiv­as, galvanizou uma série de constataçõ­es nos municípios e foi dando passos promissore­s na melhoria do saneamento básico. “Isto alegrava a classe política e a população em geral”, reconheceu.

O secretário executivo provincial da CASA-CE no Uíge, Fonseca António, afirmou que, em três meses de governação de Luther Rescova, a província deixou de ter focos de lixo, além de serem notáveis serviços de terraplana­gem de várias ruas que eram intransitá­veis.

Segundo Fonseca António, Luther Rescova tinha uma visão política para o progresso da região, visto que logo no princípio mostrou uma paciência para fazer o levantamen­to e o diagnóstic­o dos vários problemas da província.

Domingos Gonçalves, quadro da FNLA, caracteriz­ou o governador Luther Rescova como um indivíduo que tinha espírito de colaboraçã­o e união, independen­temente da filiação partidária. “Ouvia a juventude sem distinção e partilhou ideias com a população em geral. A sua morte veio apenas levar a província ao retrocesso”, lamentou.

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SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO
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