Covid-19 poderá afectar Desenvolvimento Sustentável
A representante permanente de Angola junto das Nações Unidas, Maria de Jesus Ferreira, que falava numa reunião ministerial online do Movimento dos Não-Alinhados, disse que “a pandemia, mais do que uma crise de saúde, é uma crise sócio-económica, humanitária, de segurança e de direitos humanos, que afecta indivíduos, famílias, comunidades e sociedades e impacta todas as gerações”
A grave perturbação nas sociedades e economias e o impacto devastador da Covid19 sobre a vida das pessoas tornam mais difícil o alcance do desenvolvimento sustentável, admitiu sexta-feira, em Nova Iorque, a representante permanente de Angola junto das Nações Unidas.
Maria de Jesus Ferreira, que falava numa reunião ministerial online do Movimento dos Não-Alinhados (NAM, na sigla inglesa), disse que a pandemia vai dificultar a erradicação da pobreza até 2030 e as perspectivas de se acabar com a fome e garantir segurança alimentar e melhor nutrição.
Para a diplomata angolana, “a pandemia, mais do que uma crise de saúde, é uma crise socio-económica, humanitária, de segurança e de direitos humanos, que afecta indivíduos, famílias, comunidades e sociedades e impacta todas as gerações”.
“A crise revelou vulnerabilidades dentro e entre as nações para coordenar uma resposta global às ameaças compartilhadas”, segundo a embaixadora Maria de Jesus Ferreira, que representou o ministro das Relações Exteriores, Téte António, na reunião dos NAM.
Esta pandemia, admitiu, veio mostrar a fragilidade da estrutura de saúde a nível mundial para responder a um problema de tão alta magnitude e gravidade.
Neste contexto, considerou cruciais as perspectivas do Movimento dos Não- Alinhados, visando cumprir as aspirações da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e o Acordo de Paris sobre as alterações climáticas.
Na sua óptica, é essencial que todos os países desenvolvam um plano estratégico de saída da Covid-19, melhorem a coordenação a todos os níveis para a supressão precoce da pandemia e reponham as actividades socioeconómicas dos países num estágio normal e estável.
“Lutar contra esta pandemia é uma responsabilidade compartilhada por todas as nações, governos e mecanismos regionais e globais”, disse, frisando que Angola acredita numa resposta internacional mais robusta e unida e, nesse sentido, “os esforços e iniciativas dos NAM são de grande importância”.
A diplomata defendeu o acesso de todos os países a medicamentos, vacinas e equipamentos médicos a preços acessíveis e integrais, que deve ser concedido pelas organizações internacionais e países relevantes.
Disse ser necessário renovar o compromisso de trabalhar juntos e unidos em harmonia e solidariedade, para reforçar o multilateralismo e apoiar os esforços dos Estados Membros do Movimento dos Não-Alinhados na luta contra a pandemia da Covid-19.
Noutra vertente, afirmou que Angola se opõe à imposição de sanções económicas coercivas unilaterais ou medidas orientadas por uma agenda política e motivada, em violação da Carta da ONU e do direito internacional, nomeadamente os princípios de não intervenção, da autodeterminação e da independência dos Estados.
“Reafirmamos a relevância das posições de princípio do Movimento sobre o direito à auto-determinação dos povos sob ocupação estrangeira e dominação colonial ou estrangeira”, salientou Maria de Jesus Ferreira, na reunião dos NAM, decorrida à margem da 75ª sessão da Assembleia Geral da ONU.
Na reunião, os NAM aprovaram uma Declaração Política em que, entre outras iniciativas, reiteram “o forte compromisso e total adesão aos propósitos, princípios e disposições da Carta das Nações Unidas”.
Reafirmam, ainda, a visão, os princípios e os objectivos dos NAM, articulados em Bandung, Indonésia (1955) e Belgrado, ex-Jugoslâvia (1961), e orientados pela Declaração sobre os “Propósitos e Princípios” e o papel do Movimento na actual conjuntura internacional, adoptada na sua 14ª Cimeira, em Havana, Cuba (2006).