Moradores dormem ao relento após explosão em apartamento
Nove das 10 famílias que residem no edifício da Urbanização do Sequele onde, quinta-feira, ocorreu a explosão num apartamento, estão confinados na rua, alegando estar a estrutura comprometida.
Em número superior a 70 pessoas, os moradores, excepto os ocupantes da moradia onde se deu o incidente, passam o dia e pernoitam ao relento, amontoados em colchões, no passeio do prédio frontal, sem respeito ao distanciamento físico.
O Jornal de Angola confirmou, no local, que o edifício foi isolado pela Polícia Nacional. Aos moradores só é permitida a entrada para recuperar documentos ou roupa. A higiene pessoal é feita em casa de vizinhos, que garantem também a alimentação aos sinistrados.
Jandira Salvador, moradora, disse estar ainda assustada com o estrondo e os estragos provocados pela explosão. Com a voz carregada, disse que a situação é preocupante, pois sente fortes dores no peito.
“Não está a ser fácil, ademais, no mesmo dia, caiu uma chuva”. Disse ainda que
“os sinistrados foram dispensados pelas empresas onde trabalham”.
A coordenadora do edifício considerou a situação lamentável. “Há crianças de até três meses de idade, mulheres grávidas, idosos e pessoas com patologias”, disse.
Elisa Capitão revelou ao Jornal de Angola que os moradores viram danificados, pela explosão, mobília, electrodomésticos, portas e janelas e exigem que se faça uma perícia profunda e cuidada, para se aferir as condições da estrutura do prédio e garantir que as pessoas habitem de forma segura no prédio.
Acrescentou que a permanência dos sinistrados ao relento é a alternativa encontrada (estão impedidos de entrar nas residências por agentes da Polícia Nacional), enquanto não se apurar o que terá motivado a explosão e o estado técnico da estrutura”.
Elisa Capitão deu a conhecer que a Administração do Sequele propôs que ficassem acomodados numa das escolas públicas e na unidade dos Bombeiros, facto negado, por, segundo a coordenadora, não haver condições.
Para o morador Cláudio dos Santos, a explosão provocou estragos inusitados pelo que aventa a possibilidade de os moradores solicitarem uma intervenção do Laboratório de Engenharia e Ordem dos Engenheiros de Angola.
“Clamo por socorro, para encontrarmos uma solução ao problema. Fomos praticamente abandonados. Estamos expostos ao sol, à poeira e à chuva, numa época de pandemia”.
Fonte da Administração do Sequele disse, ao Jornal de Angola, que técnicos da construtora China Teisiju Civil Engineering Group (CTCE) fizeram uma avaliação ao edifício e concluíram haver condições de habitabilidade. Já os moradores alegaram preferência em estar próximo de suas casas, por terem bens de valor no interior.
Uma equipa da Administração Municipal de Cacuaco visitou ontem o edifício, para aferir os danos, as dificuldades por que passam os moradores, mas não se pronunciaram sobre os passos seguintes.
Dados recolhidos no local dão conta de que o estado de saúde do proprietário do apartamento onde ocorreu a explosão inspira cuidados. Ele, disse um morador, passou por duas cirurgias, mas ainda está nos Cuidados Intensivos.