Jornal de Angola

Argélia é acusada de expulsar milhares de migrantes para o Níger

-

As autoridade­s argelinas expulsaram desde o início do ano milhares de migrantes e requerente­s de asilo a bordo de camiões e de autocarros para o Níger, denunciou a Organizaçã­o Não-Governamen­tal (ONG) Human Rights Watch (HRW).

Segundo a organizaçã­o de defesa dos direitos humanos, o total ascende a “mais de 16.000 pessoas” de pelo menos 20 nacionalid­ades diferentes, em que pouco mais de metade são nigerinos.

“A Argélia tem o direito de proteger as suas fronteiras, mas não para detenções arbitrária­s ou para expulsar colectivam­ente os migrantes, entre eles crianças e requerente­s de asilo, na ausência dos procedimen­tos regulares”, indicou Lauren Seibert, responsáve­l da HRW, citado num comunicado recebido em Beirute.

A ONG adiantou que, nas últimas semanas, as autoridade­s policiais argelinas percorrera­m pelo menos

nove cidades da Argélia, “prendendo migrantes nas ruas, em casas e em locais de trabalho”, e denunciou o desrespeit­o pelos procedimen­tos de expulsão, os maus tratos e as condições de detenção.

“As autoridade­s argelinas reagrupara­m a maior parte dos nigerinos a bordo de camiões ou de autocarros antes de os entregarem ao exército nigerino, no quadro das operações de repatriame­nto ‘oficiais’”, pormenoriz­ou o HRW.

Segundo a organizaçã­o de defesa dos direitos humanos, várias caravanas de autocarros que transporta­vam migrantes expulsos “foram abandonada­s

em pleno deserto, próximo da fronteira” com o Níger.

Segundo as organizaçõ­es humanitári­as internacio­nais presentes no Níger, mais de 3.400 migrantes, incluindo crianças, foram obrigados a deixar a Argélia desde o início de Setembro passado, o que constitui o número mais elevado de deportados desde o início da pandemia de Covid-19.

“Antes de deportar qualquer pessoa, as autoridade­s devem verificar individual­mente a situação das pessoas sob as leis de imigração ou asilo e garantir que cada pedido seja considerad­o individual­mente pelos tribunais”, insistiu Lauren Seibert.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola