Saúde quer a verdade sobre caso de passageiros infectados
O Ministério da Saúde anunciou que vai instaurar um processo de averiguação junto das entidades envolvidas no caso dos passageiros que viajaram num voo humanitário para São Tomé e Príncipe, apesar de estarem infectados com Covid-19.
"Na lógica da reciprocidade diplomática entre os dois países, o Ministério da Saúde, através do Instituto Nacional de Investigação em Saúde, realizou a testagem de Biologia Molecular aos passageiros do voo humanitário da TAAG, companhia aérea angolana, tendo concluído com sete positivos", lê-se no comunicado emitido domingo pelo Ministério da Saúde.
Na nota, o Ministério da Saúde assegura que "toda a informação relativa aos resultados (negativos e positivos) foi passada à Embaixada de São Tomé em Angola, com proibição de saída dos sete infectados, que aguardariam pela orientação específica da Equipa de Resposta Rápida".
"Hoje, a realidade demonstra que esta orientação não foi observada e está a ser instaurado um processo de averiguação junto às autoridades implicadas", conclui o Ministério da Saúde, que afirma ter tido conhecimento da situação à chegada do voo a São Tomé e Príncipe pelos meios de comunicação social.
O Ministério da Saúde esclarece "a opinião pública nacional e internacional que, à luz das medidas de restrição no âmbito do controlo e da prevenção da Covid-19, ninguém sai nem chega a Angola sem o teste negativo de SARS-CoV-2 na base de RT-PCR, e esta orientação é de cumprimento obrigatório no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, em Luanda".
No domingo, o Conselho de Administração da TAAG anunciou, também, a instauração de um inquérito sobre a mesma matéria.
Mais seis casos positivos
São Tomé e Príncipe registou nas últimas 48 horas mais seis casos positivos de Covid-19 entre os passageiros que regressaram de Luanda na quartafeira num voo humanitário.
Em declarações aos jornalistas, o ministro são-tomense da Saúde, Edgar Neves , anunciou ontem que esses seis cidadãos infectados somam-se aos outros sete que regressaram ao país já com testes de Covid19 positivos, perfazendo um total de 13 passageiros infectados com o novo coronavírus que regressaram de Luanda, num voo humanitário, na semana passada. A este número soma-se mais um caso novo registado na sextafeira, aumentando as infecções acumuladas para 928.
"Um pouco antes de chegarem ao país, tivemos conhecimento de que provavelmente haveria pessoas com testes positivos ou eventualmente sem testes", disse Edgar Neves, para justificar como foi possível embarcarem passageiros com testes positivos.
O governante não explicou a fonte da informação de que no voo da companhia aérea angolana TAAG viajavam para São Tomé passageiros infectados com a doença, justificando apenas: "perante isto, decidimos mesmo assim acolhê-los e como mandam as regras, submetê-los a testes rápidos".
Edgar Neves disse que se trata de 49 passageiros, um dos quais uma criança, que regressaram no voo humanitário que fez Luanda/São Tomé.
Desses 49 passageiros que regressaram ao país na quartafeira, 48 passaram por testes rápidos no aeroporto, mas no sábado foram submetidos a testes PCR (de laboratório).
"Fizemos inicialmente testes rápidos, mas importava fazer os testes laboratoriais e fizemolos dois dias depois", indicou.
De acordo com o ministro, todos os cidadãos que regressaram de Luanda com testes positivos foram colocados no hospital de campanha, apesar de estarem assintomáticos. Os restantes 42 passageiros foram distribuídos por quatro unidades hoteleiras na capital.
De acordo com o ministro da Saúde, as autoridades sanitárias fizeram testes a estes 42 passageiros, seis dos quais deram positivos.
"Os passageiros com testes negativos foram libertos", disse Edgar Neves, referindo que aos que testaram positivo "foi dada a opção de escolha".
O governante sublinhou que um grupo de passageiros escolheu permanecer nos hotéis "por falta de condições em casa para fazer uma quarentena e controlo domiciliar seguro", sendo que outro grupo "foi para suas casas mesmo com PCR positivo e sob vigilância apertada".
"É este cenário que nós temos neste momento, ou seja, nós totalizámos neste processo entre os que vieram com os testes positivos mais os que nós detectámos aqui em São Tomé um total de 14 casos e isto obriga-nos a redobrar os nossos trabalhos de vigilância para tentarmos conseguir manter a situação sob total controlo", assegurou Edgar Neves.