Estados criam estratégias para reduzir as catástrofes
O mundo assinala hoje o Dia Internacional para a Redução de Catástrofes, cuja ocorrência destapa as fragilidades das sociedades, evidencia a vulnerabilidade do ser humano e revela manifestações de solidariedade.
A data apela à necessidade dos Estados fazerem frente a fenómenos como a seca severa, cheias e pragas, enquanto ameaças à segurança alimentar, bem como olharem para a redução de riscos de catástrofes.
Nesta senda, o Executivo angolano, com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), criou o Quadro de Recuperação de Seca (QRS) 2018/2022.
No contexto do referido quadro, são mobilizados recursos e implementadas medidas de médio e longo prazo, com o apoio de parceiros nacionais e internacionais.
De referir que, só no primeiro semestre deste ano, ocorreram 207 catástrofes naturais no mundo. O conjunto de calamidades provocou prejuízos económicos acima dos 75 mil milhões de dólares, de acordo com a análise publicada no relatório Global Catastrophe Recap.
O relatório indica que, no período em referência, foram registadas dez tempestades nos Estados Unidos, chuvas de granizo na Austrália e Canadá, ciclones tropicais como o “Ampham”, na Índia e Bangladesh, mas também incêndios florestais na Austrália, Brasil (Amazónia), Califórnia e Portugal, e tempestades de vento Ciara/Sabine na Europa e vagas de calor acima dos 38 graus no círculo polar Ártico. Além dos elevados prejuízos financeiros, estes desastres naturais provocaram a morte de 2.200 pessoas em todo o mundo.
Neste cenário, só para ilustrar algumas situações, as inundações causaram quase 60 por cento das fatalidades.
O número de catástrofes aumentou de 311, em 2015/2016, para 474, em 2017/2018, de acordo com o documento, que aponta ainda um crescimento da mortalidade de cerca de 31 mil pessoas para mais de 36 mil.
As perdas económicas aumentaram de dois mil milhões de dólares para oito mil milhões de dólares entre os dois períodos. Dos 50 países que participaram do relatório, apenas 22 por cento têm estratégias de redução de risco.
O Dia Internacional da Redução de Catástrofes procura incidir a sua tónica na diminuição, até 2030, das perdas humanas e económicas causadas por desastres naturais, bem como na mitigação dos efeitos provocados pelos desastres e no investimento nas acções preventivas com um impacto positivo sobre as economias, tanto à escala local, nacional ou mundial.
Para o efeito, existe o Quadro de Sendai para a Redução do Risco de Catástrofes (2015/2030), um documento internacional adoptado por 187 países membros das Nações Unidas.
Seca afecta em Angola milhares de famílias
Pelo menos 355.892 famílias foram afectadas pela seca, em 2019, nas províncias do Cunene, Huíla, Namibe, Cuando Cubango, Benguela e Cuanza-Sul, segundo dados do último relatório do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros, afecto ao Ministério do Interior, publicado ente ano.
O documento refere que a seca provocou danos em 488 localidades, afectando 1.789.376 pessoas, 2.246.050 bovinos, 1.200.000 caprinos e ovinos, assim como a morte de 30.823 animais.
Tal situação afectou, na sua maioria, populações que residem em zonas rurais, dificultando o desenvolvimento da agricultura e a criação de animais, o que provocou a escassez de recursos económicos, de alimentação, além de gerar fome e miséria.
O documento sublinha ainda que a seca teve como consequência alterações climáticas, o que tem causado perdas humanas, danos materiais e ambientais.
Nos últimos tempos, segundo o documento, registam-se, a nível mundial, eventos catastróficos com magnitude e frequência de elevada escala. A nível nacional, o Executivo está preocupado com o elevado nível da seca, que tem causado fortes impactos sobre a vida das populações.
Lê-se no documento que, apesar dos esforços empreendidos pelo Executivo para apoiar as populações afectadas pela seca, registam-se ainda, em várias províncias, casos de desnutrição aguda.
As inundações também afectaram o Sul do país, prejudicando o fornecimento de água e energia e vias de comunicação, o que dificultou o crescimento socioeconómico. Luanda,Bié, Benguela, Huambo, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Lunda-Norte, Lunda-Sul, Malanje, Namibe, Uíge e Zaire foram as províncias mais atingidas.