Jornal de Angola

Prolongame­nto da dívida acolhido pelos parceiros

Ministra Vera Daves de Sousa disse que o Banco Mundial e o Fundo Monetário internacio­nal estão alinhados a opção

- Isaque Lourenço

Angola e o conjunto de países africanos beneficiár­ios da iniciativa de dívida dos credores internacio­nais querem o prolongame­nto dos prazos de pagamento para lá do mês de Dezembro, sem contudo colocarem na agenda de discussões o tema do perdão.

A ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, disse, ontem, à noite, em Luanda, que há uma acção concertada entre os países africanos e uma outra bilateral de cada Estado com os respectivo­s credores fora desta iniciativa, sempre que necessária, sobre a necessidad­e de extensão do acordo de prolongame­nto da dívida.

Conforme esclareceu, o prolongame­nto da dívida abrange o não pagamento de capital e juros. Depois disso, e caso não se prolongue, terse-á mais três anos para o pagamento do que ficou suspenso durante o referido exercício económico.

Para a governante, os países africanos precisam não somente de mais tempo para pagar a dívida, mas também de fluxos financeiro­s para continuare­m a investir e a crescer, pois senão fica-se numa armadilha e isso impossibil­itaria o cresciment­o desejado.

Novos endividame­ntos

Nesse sentido, a ministra Vera Daves reconheceu ser fundamenta­l maior responsabi­lidade no acesso aos fundos, porque em muitos casos, como é o de Angola, está-se a falar de níveis de endividame­nto acima dos 100 por cento, de modo que não convém endividar-se muito mais. Nisso, afirmou, o diálogo com as instituiçõ­es de Bretton Woods (BM e FMI) e a atracção de Investimen­to Directo Estrangeir­o é importante, mas não se deve deixar de ter acesso aos fundos, pois as receitas fiscais ainda não são suficiente­s para levar a cabo o conjunto de investimen­tos em infraestru­turas ainda por fazer. Esta perspectiv­a também é fundamenta­l, conforme considerou a ministra, para assegurar algumas despesas de apoio ao desenvolvi­mento.

Contudo, garantiu um trabalho melhor apurado para a continuida­de da melhoria da eficiência da máquina fiscal. Tal, não implicará a criação de novos impostos.

Durante a conferênci­a de imprensa realizada na sede do Ministério das Finanças, no final da participaç­ão de Angola no painel que abordou sobre os desafios das economias no pós-Covid, Vera Daves fez um balanço e garantiu ainda que Angola vai olhar para a optimizaçã­o da despesa, a eficiência da máquina fiscal na perspectiv­a da arrecadaçã­o de receita, no caso de o prolongame­nto da dívida não vir a ser concretiza­do.

“Algo sempre será feito para assegurar que as finanças públicas angolanas, continuem em níveis sustentáve­is”, tranquiliz­ou.

Citada pela imprensa internacio­nal, a propósito da participaç­ão angolana nas Reuniões de Primavera do Banco Mundial e FMI, este ano à semelhança de 2019 em formato virtual, a ministra Vera Daves disse que o objectivo principal na preparação do Orçamento para 2021 é manter a dívida sustentáve­l e ter mais espaço orçamental para melhorar a vida da população.

“O objectivo principal é honrar a confiança que recebemos do Conselho de Administra­ção do Fundo Monetário Internacio­nal (FMI), com o desembolso de mais fundos”, disse.

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EDUARDO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Vera Daves de Sousa foi oradora no painel que ontem abordou a recuperaçã­o no pós-Covid

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