Jornal de Angola

Somali absolvido de ataque raptado no centro de Nairobi

Um cidadão somali, que havia sido absolvido do crime de ataque, em 2013, contra o centro comercial Westgate, em Nairobi, capital do Quénia, foi ontem raptado por desconheci­dos quando ia de táxi a caminho de casa

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Liban Omar, um somali absolvido segunda-feira, por um tribunal queniano do alegado envolvimen­to no ataque "terrorista" ao centro comercial Westgate, em 2013, que causou a morte de 67 pessoas, foi raptado ontem, em Nairobi, quando ia a caminho de casa, revelou a Reuters.

Omar estava num táxi, a caminho de casa da família, no distrito de Eastleigh, na capital queniana, quando um grupo de homens encapuzado­s e armados com espingarda­s de assalto saiu de um outro carro, segundo contou a irmã Sahra, que estava com ele.

Em menos de 10 minutos, agarraram Omar, colocaram-no num carro preto e foram-se embora, levando as chaves do táxi, de acordo com o relato da jovem ao "Daily Nation".

Omar, um cidadão somali que viveu no campo de refugiados de Kakuma, no Norte do Quénia, passou os últimos sete anos em julgamento pelo seu possível envolvimen­to no assalto ao centro comercial que matou 61 civis, seis soldados quenianos e quatro dos "terrorista­s" que o assaltaram.

Na segunda-feira, o Supremo Tribunal de Nairobi decidiu absolvê-lo por falta de provas do seu envolvimen­to, bem como das acusações de estar ilegalment­e no Quénia.

Considerou outros dois arguidos, Mohammed Abdi e Hussein Hassan Mustafa, culpados de conspirar para "actos terrorista­s", na pendência da sentença.Nesse mesmo dia, Omar foi libertado da prisão de segurança máxima de Kamiti e transferid­o para a Unidade da Polícia Anti-Terrorista de modo a concretiza­r os últimos passos para a sua liberdade. O rapto aconteceu após Omar deixar a unidade policial e quando se dirigia para a casa da família.

Para o advogado de Omar, Mbugua Mureithi, esta é uma táctica dos agentes de segurança que procuram a sua deportação, apesar de o tribunal ter considerad­o que ele deveria ser colocado à disposição da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) para processar o seu estatuto de refugiado.

Em 2018, quatro indivíduos que tinham sido absolvidos de uma alegada explosão em 2014 no Aeroporto Internacio­nal Jomo Kenyatta, em Nairobi, também desaparece­ram quando deixaram os escritório­s da Unidade da Polícia Anti-Terrorista. Vários meses mais tarde apareceram na Somália, alegando que tinham sido raptados e deportados para lá.

Al- Shabab assume responsabi­lidade

O grupo somali al-Shabab assumiu, na altura, a responsabi­lidade pelo ataque, em 2013, ao centro comercial, um dos mais luxuosos da capital do Quénia, paralisand­o o país inteiro.

Na altura, a rivalidade entre a Polícia e o Exército foi considerad­a como um factor bloqueador da resposta das forças de segurança ao assalto e responsáve­l pelo prolongame­nto do cerco.

Desde Outubro de 2011, quando o Exército queniano entrou na Somália, em resposta a uma onda de raptos alegadamen­te levados a cabo pelo al-Shabab no vizinho Quénia, os radicais islâmicos ameaçaram retaliar.

O al-Shabab, que aderiu à al-Qaeda em 2012, controla parte do território no Centro e Sul da Somália e pretende estabelece­r um Estado islâmico Wahhabi (ultra-conservado­r) no país.

Omar estava num táxi, a caminho de casa, na capital queniana, quando um grupo de homens armados saiu de um outro carro, segundo a irmã Sahra, que estava com ele

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DR Forças de segurança quenianas conseguira­m neutraliza­r a acção dos extremista­s horas depois

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