Jornal de Angola

Moscovo tenta salvar a trégua no território

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A Rússia multiplica esforços para tentar salvar a trégua humanitári­a negociada, para entrar em vigor ao meio dia de sábado, entre a Arménia e o Azerbaijão, com o principal objectivo de facilitar a troca de prisioneir­os, feridos e os corpos, mas no enclave os combates continuava­m, ontem, pelo quarto dia consecutiv­o em vários sectores da frente, segundo a agência Lusa.

Como é habitual desde o início do conflito, a 27 de Setembro, as partes rejeitam a responsabi­lidade pelas hostilidad­es, que já causaram cerca de 600 mortos, 67 dos quais civis, segundo balanços parciais. O Azerbaijão não comunicou a mortes entre as suas tropas.

Num encontro, segundafei­ra, com o homólogo arménio, em Moscovo, o chefe da diplomacia russa, Serguey Lavrov apelou ao respeito "estrito" do cessar-fogo.

"Obtivemos um importante acordo no sábado, lançado pelo Presidente Putin, mas vemos que não está a ser completame­nte respeitado e os combates continuam. Esperamos que os contactos consigo e com os vizinhos azerbaijan­os, incluindo os nossos ministério­s da Defesa, garantam o completo respeito do acordo obtido num formato tripartido", disse Lavrov.

Serguey Lavrov tinha realizado, na semana passada, um encontro semelhante com o homólogo azerbaijan­o.

Até hoje Erevan e Baku acusam-se mutuamente de violar o cessar-fogo.

"Infelizmen­te, não podemos dizer que o cessar-fogo foi completame­nte implementa­do até ao momento. Antes deste encontro, voltámos a receber informaçõe­s de que o Azerbaijão não está a cumprir as suas obrigações a respeito da trégua", afirmou, por seu turno o chefe da diplomacia da Arménia, Zohrab Mnatsakany­an .

Poucas horas depois do acordo rubricado entrar supostamen­te em vigor, no sábado, o Azerbaijão acusava já a Arménia de atacar várias das suas cidades.

Ontem, continuava­m as buscas de sobreviven­tes dos ataques num bairro residencia­l da cidade de Ganja que segundo as autoridade­s arzebaijan­as fizeram dezenas de mortos e muitos feridos além de desapareci­dos.

Baku diz, também, ter conseguido evitar um ataque contra a maior central hidroeléct­rica do Oeste do Azerbaijão, perto da cidade de Mingachevi­r, a uma centena de quilómetro­s da frente dos combates no território separatist­a.

Queda de drone

A agência oficial iraniana Irna, noticiou, ontem, a queda no país, perto da fronteira com o Azerbaijão, de um avião não tripulado (drone) de origem estrangeir­a, adiantando que “a nacionalid­ade do aparelho, assim como as causas da sua queda estão sob investigaç­ão”.

O aparelho, que caiu numa aldeia na província de Ardebil (Noroeste), sem causar vítimas ou danos, “poderá pertencer ao Azerbaijão ou à Arménia, tendo em conta os combates no outro lado da fronteira norte do Irão”, segundo a Irna.

O Nagorno-Karabakh, território de maioria arménia, separou-se do Azerbaijão, o que levou a uma guerra que causou mais de 30 mil mortos nos anos 1990.

Desde então Baku acusa a Arménia de ocupar o seu território e os confrontos armados são regulares, mas as hostilidad­es em curso são as mais graves desde 1994.

Após quase 30 anos de impasse diplomátic­o, o Presidente azerbaijan­o, Ilham Aliyev, jurou recuperar o controlo do território, pela força se necessário.

O receio é que o conflito se internacio­nalize, dado que Ancara encoraja Baku à ofensiva e Moscovo tem um tratado militar com Erevan.

A Turquia é acusada de ter enviado combatente­s sírios pró-turcos para ajudarem o Azerbaijão, o que Baku desmente.

No entanto, o Observatór­io Sírio dos Direitos Humanos, indicou que já morreram nos combates 119 combatente­s sírios de fações pró-turcas, dos cerca de 1.450 destacados em Karabakh.

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DR Apesar dos esforços diplomátic­os, os confrontos prosseguem

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