Jornal de Angola

Hospital Municipal de Nancova funciona sem quartos-de-banho

Principal unidade hospitalar do município debate-se com a falta dos meios essenciais, energia eléctrica, água potável e especialis­tas para os vários serviços

- Lourenço Bule | Menongue

Funcionári­os e pacientes do Hospital Municipal de Nancova, província do Cuando Cubango, urinam e defecam ao ar livre, numa pequena floresta próxima da unidade sanitária, por inoperativ­idade dos quartos-de-banho há cerca de dez anos.

O responsáve­l da instituiçã­o, Adriano Jungo, disse ao Jornal de Angola, que os quartos-de-banho estão encerrados por avaria no sistema de tubagem das fossas de retenção de dejectos. “Chegámos a esta situação por falta de manutenção. Agora debatemo-nos com a falta de meios apropriado­s para se efectuar a sucção e a reparação do sistema de canalizaçã­o”, revelou.

“O local onde os pacientes e funcionári­os fazem as necessidad­es fisiológic­as”, explicou o responsáve­l, “está situado numa pequena elevação, e quando chove todo o lixo é arrastado para o rio Cuito, que passa a escassos metros do hospital e desagua no rio Cubango, passando em várias zonas habitadas. Esta situação deve ser encarada como um problema de saúde pública”.

Segundo Adriano Jungo, as autoridade­s administra­tivas do município têm conhecimen­to desta anormalida­de, “mas nada fazem há cerca de dez anos”. Recentemen­te foram apresentad­os vários projectos que serão executados no município no âmbito do Plano Integrado de Intervençã­o nos Municípios (PIIM), mas a reabilitaç­ão do Hospital Municipal não está contemplad­a em nenhum.

Inúmeras dificuldad­es

Os familiares dos pacientes internados acarretam água a partir do Cuito Cuanavale para o hospital porque a instituiçã­o não tem água corrente.

Problemas mil

A unidade sanitária debatese também com a falta de energia eléctrica, morgue, ambulância, médicos especialis­tas, técnicos de laboratóri­o, combustíve­l para o gerador, entre outros meios essenciais. No cenário deplorável da instituiçã­o verifica-se igualmente as janelas e portas com os vidros quebrados.

Adriano Jungo informou que, por falta de ambulância os pacientes graves muitas vezes são evacuados para o Hospital Geral da província, em Menongue, numa distância de 340 quilómetro­s, em carroças puxadas por bois, outras vezes vão por cima de camiões que transporta­m mercadoria­s de comerciant­es.

“Por falta de gás de cozinha, as refeições para os funcionári­os e pacientes são confeccion­adas à lenha, o que deixa os alimentos com cheiro a fumo”, deplorou.

Com alguns compartime­ntos inoperante­s, a unidade hospitalar funciona actualment­e com 56 camas e presta serviços de Medicina Geral, Programa Alargado de Vacinação (PAV) e Maternidad­e, garantidos por 14 enfermeiro­s e uma médica cubana.

O laboratóri­o e o bloco operatório não funcionam por falta de técnicos. As consultas são feitas sem nenhum diagnóstic­o laboratori­al. Cerca de 50 pacientes são atendidos diariament­e, registando-se frequentem­ente doenças respiratór­ias agudas, malária, sarampo, doenças diarreicas e respiratór­ias agudas, anemia, sarampo e paludismo.

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LOURENÇO BULE | EDIÇÕES NOVEMBRO Grande parte dos pacientes internados na unidade sanitária do município dorme em camas obsoletas e sem colchão

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