Óscar Gil, exemplo de resistência à Covid-19
Foi pelas redes sociais e, agora, nos media convencionais, que o experiente produtor e realizador de televisão, Óscar Gil, apresentou, dias depois de ter alta médica, um cartaz no peito com dizeres em letras garrafais “Eu Venci a Covid-19”
O produtor e realizador Óscar Gil, de 68 anos, considerase um vencedor , assim como o são muitos outros angolanos que fazem parte da estatística de pessoas curadas da Covid19. A recuperação das mais de 2500 pessoas é, para ele, sinal de que os médicos estão a cumprir a missão com zelo e profissionalismo.
De 68 anos e na sua voz gutural, o ancião considerase um vencedor da Covid19, tal como muitos outros angolanos que fazem parte da estatística de pessoas recuperadas no país.
A recuperação das mais de 2500 pessoas é, para ele, sinal de que a equipa médica está a cumprir a sua missão com zelo e profissionalismo. “Eu venci a Covid-19”, reitera no mesmo ritmo da voz, sem deixar de afirmar que, em nenhum momento, a equipa médica abandonou os pacientes. “Temos de reconhecer que os médicos, enfermeiros e pessoal de limpeza estão, de facto, engajados para salvar vidas. Temos de agradecer e dizer que é preciso todo o apoio àqueles anjos, que cuidam das pessoas”.
Ao pedir maior aposta nos recursos humanos para que se mantenha toda a estrutura de salvar vidas, lembrou que teve sempre consciência da doença, por ser um indivíduo diabético e hipertenso.
Uma vez integrante do grupo de risco, o produtor de televisão relata que andava sempre de máscara facial e viseira. “Mais uma razão para dizer que as pessoas devem tomar cuidado. Eu, praticamente, ia à loja e voltava a casa. Tinha todos os cuidados. A roupa e os sapatos ficavam à entrada e tomava banho como mandam as regras de biossegurança”, recorda.
Um dia, depois da jornada laboral, sentiu uma ligeira irritação na garganta, que mais parecia uma gripe. Automedicou com chá de limão e Paracetamol. A febre não cessou, atingindo 38 graus. De seguida, sentiu dores nas articulações. Perante os sintomas, até combateu o paludismo. No final daqueles dias tinha sempre febre e mal-estar. Naquele período, conta, estava a trabalhar na produção de uma campanha da Covid-19.
As constantes febres levaram Óscar Gil a deslocar-se à clínica, porque, não obstante ter cumprido a medicação, mantinham-se as dores nas articulações. A respiração apresentou-se ofegante, facto mais do que suficiente que obrigou a médica a pedir uma radiografia e mais tarde um exame de tomografia computarizada (TAC).
“Para o meu espanto, estava lá alojado a Covid-19. Tive tosse, mas nunca falta de ar”, disse. Para ele, a doença é oportunista, sobretudo quando o organismo está frágil.
Depois de confirmado o coronavírus, a médica o internou na área de urgência e, de seguida, foi transferido à unidade de tratamento da Covid19, em Viana, recentemente inaugurada. “Há quem critique por falar nas condições maravilhosas ali existentes, mas é evidente que o Executivo está a instalar hospitais de campanha em todo o país”, justificou, para na mesma senda admitir que há lacunas e fragilidades no Sistema Nacional de Saúde, que, ao longo dos 45 anos de Angola, o sector não foi tratado.
“A pandemia veio dar um alerta das nossas fragilidades em relação ao serviço de saúde”, indicou.
Óscar Gil ficou três dias internado numa clínica de referência em Luanda, antes de ser transferido para o quilómetro 27, em Viana, onde permaneceu oito dias em tratamento e igual período em quarentena.
Sem revelar a medicação administrada, assegura que continua a tomar cuidados para não voltar a ser contaminado. O também antigo repórter de guerra acredita ser um momento de reflexão, para que, até nas zonas mais recônditas, haja serviço de saúde, em razão da Covid-19 ter destapado incapacidade de resposta dos serviços de saúde.
“É preciso fazer muito mais pela saúde dos angolanos e o estado actual é um alerta, que sirva de lição para que criem as condições no sentido do Serviço Nacional de Saúde ser eficiente e muito abrangente”, apontou.
Condenou a discriminação feita às pessoas curadas da Covid-19, e justifica que tal situação é resultado da ignorância e má educação. À comunicação social, aos artistas, fazedores de opinião, o experiente realizador pediu que haja união e as pessoas sejam esclarecidas que a Covid-19 não é a doença da pouca-vergonha, pois atinge mulheres, crianças e homens.
As constantes febres levaram Óscar Gil a deslocar-se à clínica, porque, não obstante ter cumprido a medicação, mantinham-se as dores nas articulações. A respiração apresentou-se ofegante, facto mais do que suficiente que obrigou a médica a pedir uma radiografia e mais tarde um exame de tomografia computarizada (TAC)