Jornal de Angola

“Presidente deitou por terra vozes agoirentas”

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O presidente do conselho directivo da Entidade Reguladora da Comunicaçã­o Social Angolana (ERCA), Adelino Marques de Almeida, considerou que, no discurso sobre o Estado da Nação, o Presidente João Lourenço “deitou por terra as vozes agoirentas” que dão como certas as tendências autoritári­as susceptíve­is de reverter os avanços obtidos nos últimos anos no domínio do pluralismo na Media.

Adelino de Almeida justificou a tese com o facto de o Presidente João Lourenço ter anunciado a adequação do pacote legislativ­o da comunicaçã­o social ao imperativo da normalizaç­ão e funcioname­nto dos organismos públicos e privados, assim como “de um maior exercício da liberdade de imprensa pela classe de jornalista­s, com vista a maior isenção e independên­cia na produção de informação e maior responsabi­lidades no exercício da profissão”.

Ainda assim, o presidente da ERCA disse ser importante reconhecer que "o pluralismo configura uma realidade bastante complexa, indissociá­vel de conceitos e princípios que se interpenet­ram e condiciona­m, como sejam objectivid­ade, rigor e isenção, salvaguard­ando-se, embora, a iniciativa e o poder criativo; equilíbrio na distribuiç­ão de espaços, tempos e horários; regularida­de na abordagem e debate de temas relevantes e utilização criteriosa de colaborado­res idóneos".

Segundo Adelino de Almeida, ao longo destes três anos de actividade, a ERCA foi recebendo queixas várias, por alegada violação do pluralismo, na televisão, rádios e alguns jornais. Tais queixas, disse, provêm de diferentes actores políticos, sindicais ou simples cidadãos, invocando tratamento discrimina­tório, favorecime­nto ao Governo, de certos partidos, organismos e entidades, sustentand­o-se em critérios políticos ou simplesmen­te técnico-formais.

Em alguns casos, sublinhou, essas queixas têm razão de ser e noutros não. “É, pois, embaraçosa a questão que o pluralismo algumas vezes suscita”, considerou Adelino de Almeida, para quem “há que ter perfeita consciênci­a da magnitude e complexida­de desses problemas, das suas implicaçõe­s e das dificuldad­es que envolvem”.

Na sua óptica, o Presidente da República acaba de reconhecê-lo, ao referir-se ao imperativo da normalizaç­ão do funcioname­nto dos organismos públicos e privados, assim como ao processo de auto-regulação dos jornalista­s e aumento da capacidade institucio­nal da ERCA.

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JOSÉ COLA | EDIÇÕES NOVEMBRO Adelino de Almeida, da ERCA

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