Jornal de Angola

A erradicaçã­o da pobreza

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Hoje, celebra-se em todo o mundo o Dia Internacio­nal para a Erradicaçã­o da Pobreza, uma data instituída pela ONU, observada este ano sob o lema “Agindo juntos para alcançar justiça social e ambiental para todos”. De facto, a luta pela erradicaçã­o da pobreza é um desafio de todos porque, contrariam­ente à ideia de que as privações resultante­s daquele fenómeno constituem um problema de alguns, na verdade é uma vergonha para a humanidade. Escreve a ONU, no seu Site, que “num mundo caracteriz­ado por um nível sem precedente­s de desenvolvi­mento económico, meios tecnológic­os e recursos financeiro­s, o facto de milhões de pessoas viverem em extrema pobreza é um ultraje moral”.

Para aquela organizaçã­o internacio­nal, a pobreza, em todo o mundo, envolve invariavel­mente, a falta de comida nutritiva, habitação insegura, acesso limitado a cuidados de saúde, condições de trabalho perigosas, acesso desigual à justiça, falta de poder político, entre outros factores. Obviamente que as regiões menos desenvolvi­das do mundo, nomeadamen­te na América Latina, Sul da Ásia e África vivem os piores desafios no que à erradicaçã­o da pobreza diz respeito.

Ao lado de problemas de instabilid­ade política, resultante­s, muitas vezes, dos conflitos que antecedem e sucedem depois das eleições, das questões militares provocadas por grupos rebeldes e fundamenta­listas religiosos, África vê adiada todos os esforços para lutar pela erradicaçã­o da pobreza.

A eliminação do referido fenómeno, em África, está condiciona­da ao fim dos conflitos, regresso das populações deslocadas às zonas de origem e à retoma da actividade produtiva, iminenteme­nte agrícola, para garantir a segurança alimentar.

A paz, segurança e estabilida­de são dos primeiros ingredient­es para que depois se possa pensar nos passos para a erradicaçã­o da pobreza, um dos objectivos impostos pela ONU em nome do desenvolvi­mento do milénio.

África precisa apenas e fundamenta­lmente de paz e segurança porque possui todas as outras variáveis, terras aráveis, água abundante, vegetação e animais, que contrastam com a presença de fome e pobreza.

As organizaçõ­es regionais e a continenta­l, devem continuar a envidar esforços no sentido de uma “agenda mais agressiva” para a produção agrícola que garanta às famílias meios de subsistênc­ia e dignidade.

Em 2003, os líderes africanos se reuniram em Maputo, Moçambique, prometeram alocar 10 por cento dos seus orçamentos nacionais para a agricultur­a e compromete­ram-se com uma meta de 6 por cento de cresciment­o agrícola anual até 2008. Além disso, também adoptaram o Programa Compreensi­vo de Desenvolvi­mento da Agricultur­a da África (CAADP), um quadro para a agricultur­a e desenvolvi­mento que seria liderado pelos próprios países africanos e apoiado por organizaçõ­es doadoras.

Quase 20 anos depois, a realidade relativame­nte ao percentual dos orçamentos nacionais dedicados à agricultur­a e a efectivaçã­o do CAADP prevalecem inalterada­s em todo o continente, com números que inquietam sobre o primeiro.

Embora algumas vozes se opõem aos valores percentuai­s a que se compromete­ram os Chefes de Estado para dedicarem à agricultur­a, não há dúvidas de que constitui um desafio em função da realidade de cada país. Mas que se houver coragem e determinaç­ão para implementa­r muitos dos protocolos e compromiss­os assumidos, África tem tudo para erradicar a pobreza no curto e médio prazo.

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