CARTAS DOS LEITORES
Normalização das relações
Os Estados Unidos andam a chantagear alguns países no sentido de beneficiarem com uma eventual decisão de reconhecerem e normalizarem as relações com o Estado de Israel. Acho que tais Estados, se realmente forem soberanos, devem decidir por eles próprios com que Estado manter relações diplomáticas, em vez deste Diktat que a administração Trump pretende impor aos outros. Acho que foi oportuna a resposta dada pelas autoridades sudanesas, quando informaram ao secretário de Estado, Mike Pompeo, que as actuais autoridades de Kartum, são de transição e não têm mandato para dar tão importante passo. Afinal, não nos podemos esquecer que foi na cidade de Kartum em que a Liga Árabe tinha realizado a famosa cimeira que ficou conhecida na História como a cimeira dos “três não”, passe a expressão. Isto na ressaca da Guerra dos Seis Dias, em que, de emergência, a “ONU dos países árabes” tinha decidido que os referidos países não fariam a paz com Israel, não reconheceriam o Estado judaico e não estabeleceriam relações diplomáticas. Daí os “três não”, facto que prevalece até aos dias de hoje e leva qualquer um a duvidar sobre a possibilidade de o Sudão recuar. Tal como diziam os palestinos, reagindo à normalização que envolveu os Emirados Árabes Unidos, o Bahrein e Israel, segundo os quais Israel não daria nada como contrapartida, a essa realidade veio juntarse uma outra que faz cair por terra a ideia de que os árabes travaram a expansão dos assentamentos. Ou seja, ao contrário do que as autoridades de Abhu Dabi alegam, dizendo que um dos objectivos da normalização das relações com Israel visa impedir o alargamento dos assentamentos ou colonatos na Cisjordânia, na verdade, Israel diz que nunca se comprometeu a tal arranjo político. E como todo o peixe morre pela boca, o tempo veio dar razão aos palestinos porque recentemente foi anunciado um novo lote de construção na Cisjordânia, território que, à luz das Resoluções do Conselho de Segurança da ONU, pertencem ao Estado palestino. A União Europeia já veio a público condenar o acto, mas como se sabe essa posição europeia não passará disso mesmo, uma situação a que os israelitas já se habituaram. Quanto àquelas entidades que criticam, os israelitas parece que já andam com a lição estudada, tendo como lógica de actuação o princípio segundo o qual “os cães ladram, mas a caravana passa”.
Espero que os Estados do Médio Oriente e África, nomeadamente Mauritânia, Sudão, Chade, Marrocos, apenas para mencionar estes, resistam a ideia de reconhecimento e normalização das relações com Israel, obedecendo às vergonhosas pressões americanas. ABOUBAKAR SALAAM
Mártires de Kifangondo
Água nas comunidades
Vivo no Ramiros e escrevo para o Jornal de Angola para apelar a uma maior atenção às comunidades ao redor de Luanda, que vivem sérios problemas com a falta de água. Este apelo vai para a Empresa Pública de Água de Luanda (EPAL), que deverá fazer um grande esforço para fornecer água em quantidade e qualidade. Acho que se formos capazes de fornecer água em quantidade e qualidade, muitas das enchentes que se verificam nos hospitais vão reduzir significativamente. É urgente e vital não apenas o fornecimento de água, mas sobretudo a sua regularidade.