O drama nas paragens de táxi contado por passageiros
Apesar do aumento da lotação para 75 por cento nos transportes públicos, as enchentes e o tempo de espera nas paragens de táxi não diminuem. Só é possível seguir um destino depois de muito tempo de espera na paragem, em longas filas, situação que deixa agastados, diariamente, milhares de cidadãos.
Em alguns pontos da cidade são visíveis filas organizadas, mas os passageiros não respeitam o distanciamento físico para evitar a propagação do vírus da Covid-19.
Com duas filhas, uma ao colo e outra presa à mão, encontramos Vilma Pinto numa das paragens de táxi no Benfica. Estava à espera do transporte há mais de uma hora e pretendia seguir para o Rocha Pinto. Ela tem 32 anos e vive no Bairro Mundial, no distrito urbano do Benfica. Há muito tempo confinada em casa, pretendia visitar uma sobrinha doente, mas a dificuldade em tomar o táxi era tremenda.
“Está difícil andar em Luanda sem transporte pessoal. Preciso de visitar uma sobrinha e se aparecer um táxi terei de passar a noite lá para não ter de passar pelos mesmos transtornos no regresso”, disse.
Vilma Pinto denunciou que muitos táxis fazem linhas curtas. Acrescentou que além dos gastos que isto acarreta para os passageiros, contribui também para as enchentes nas paragens.
Uma das filhas deixou cair a máscara num charco de água e desatou a chorar, porque estava molhada e já não tinha como recuperá-la. A jovem disse que já não podia voltar a casa, por isso, tinha de seguir o destino. “Vou cobrir a boca e o nariz dela com o pano para protegê-la do contágio”, assegurou.
Vanessa Venga, de 18 anos, vive com os pais na Centralidade do Kilamba. Foi encontrada pela nossa equipa de reportagem numa das paragens, onde já estava 50 minutos à espera do táxi para o bairro Calemba II.
Vanessa revelou que tem sido muito difícil apanhar táxi, principalmente para o Calemba II. Pretendia visitar uma amiga, mas a demora na paragem é tanta que teve de regressar a casa.
Vilma Venga contou que mesmo nos dias de semana, quando pretende ir à escola, a situação não é diferente.
Fernando Arão, 22 anos, é taxista há quatro anos. Nega o encurtamento das linhas. “Com o alargamento do número de passageiros é difícil ver um colega a encurtar a rota ou alterar o preço da corrida”,enfatiza.