Habitantes do Zaire querem testagem em massa
O Jornal de Angola apurou que, face à ausência de testagem massiva, algumas pessoas com condições financeiras, no município do Soyo, estão a recorrer à Clínica Sagrada Esperança, para efectuarem o teste e, deste modo, saberem o seu estado serológico
Os habitantes da província do Zaire clamam pela realização de testes em massa da Covid-19, pelo facto de a região continuar a somar casos positivos da doença. O Zaire ultrapassou, faz tempo, a cifra de 100 casos positivos, registados nos municípios do Soyo, Mbanza Kongo e Nzeto, sem vítimas mortais. Esta subida vertiginosa do número de casos positivos coloca a província em segundo lugar, depois de Luanda, no quadro global epidemiológico do país.
A nível da província, o município do Soyo afigura-se como o epicentro da doença, fruto da particularidade de registar, diariamente, um intenso movimento de pessoas ligadas à indústria petrolífera e não só, provenientes de distintas províncias e de outros países, em muitos dos quais com circulação comunitária do vírus Sars-CoV2 bastante acentuada.
O Jornal de Angola apurou que, face à ausência de testagem massiva, dirigida às comunidades, algumas pessoas com condições financeiras, no município do Soyo, por exemplo, estão a recorrer à Clínica Sagrada Esperança, para efectuarem o teste e, deste modo, saberem o seu estado serológico.
A nossa equipa de reportagem teve acesso à tabela de preços que estão a ser praticados pela referida clínica para a realização de teste rápido da Covid-19, tendo constatado que, para quem quiser receber o resultado do teste serológico IGG em 24 horas, deve desembolsar 19.800 kwanzas e se quiser obtê-lo na hora tem de pagar 32.175 kwanzas. Para os fazem testes em nome de empresas, os preços variam entre 24.750 (24 horas) e 37.125 kwanzas (na hora).
Uma fonte da Clínica Sagrada Esperança no Soyo, que preferiu o anonimato, explicou que, após a realização dos testes, os resultados são encaminhados à equipa de resposta rápida baseada no centro de tratamento de Kitona, situado nos arredores da cidade do Soyo, para homologação. A nossa fonte reconheceu, no entanto, que a situação epidemiológica da região inspira cuidados redobrados, a julgar pelo aumento do número de casos positivos, que, segundo disse, é reflexo do incumprimento das medidas de prevenção por parte das populações, não obstante as acções de sensibilização levadas a cabo pelas autoridades sanitárias e parceiros.
“As pessoas não estão a cumprir com rigor as medidas de biossegurança estabelecidas pelas autoridades sanitárias, nomeadamente o uso da máscara facial, desinfecção ou lavagem das mãos com água e sabão, para além do distanciamento físico”, disse.
Alguns cidadãos abordados pelo nosso jornal, no município do Soyo, entendem que a Comissão Multissectorial de Combate à Covid-19 deve passar a especificar os bairros ou zonas onde ocorrem os casos, à semelhança do que tem sido feito em relação a Luanda, para que as pessoas possam ter conhecimento e poderem redobrar os cuidados, quando estiverem a circular nas zonas afectadas. “Por causa da pouca clareza das informações que nos são transmitidas, desconheço até ao momento onde se encontram estes casos positivos que são anunciados no Soyo", disse Joaquim Cruz, 32 anos.
O jovem apelou aos munícipes para não baixarem a guarda no cumprimento das medidas de prevenção, sublinhando que a doença é real e muito letal. Fazendo recurso às plataformas digitais, o Jornal
de Angola conversou também com alguns cidadãos em Mbanza Congo, para procurar aferir o sentimento que ocorre entre os habitantes da antiga capital do Reino do Congo, diante deste quadro epidemiológico preocupante, caracterizado pela subida vertiginosa do número de casos positivos da doença no Zaire.
Eduardo Kiese, 30 anos, afirmou que as populações estão a cumprir razoavelmente com as medidas de prevenção, em Mbanza Kongo, que é a segunda região mais habitada do Zaire, depois do Soyo, de acordo com os dados do último censo populacional. “As pessoas estão a observar as medidas de prevenção, em função das suas condições sociais. Nota-se também um certo cansaço, porque já lá se vão sete meses, desde o surgimento do novo coronavírus. Esperamos que passe logo este maldito vírus”, desabafou.
Outro interlocutor, António Kuanzambi, 27 anos, referiu que diante da incerteza em relação ao fim da pandemia no mundo e em Angola, em particular, é fundamental que os cidadãos tenham firmeza e paciência no acatamento de tudo quanto está a ser orientado pelas autoridades do país, para evitar que este mal persista nas comunidades.