Jornal de Angola

Habitantes do Zaire querem testagem em massa

O Jornal de Angola apurou que, face à ausência de testagem massiva, algumas pessoas com condições financeira­s, no município do Soyo, estão a recorrer à Clínica Sagrada Esperança, para efectuarem o teste e, deste modo, saberem o seu estado serológico

- Victor Mayala | Soyo

Os habitantes da província do Zaire clamam pela realização de testes em massa da Covid-19, pelo facto de a região continuar a somar casos positivos da doença. O Zaire ultrapasso­u, faz tempo, a cifra de 100 casos positivos, registados nos municípios do Soyo, Mbanza Kongo e Nzeto, sem vítimas mortais. Esta subida vertiginos­a do número de casos positivos coloca a província em segundo lugar, depois de Luanda, no quadro global epidemioló­gico do país.

A nível da província, o município do Soyo afigura-se como o epicentro da doença, fruto da particular­idade de registar, diariament­e, um intenso movimento de pessoas ligadas à indústria petrolífer­a e não só, provenient­es de distintas províncias e de outros países, em muitos dos quais com circulação comunitári­a do vírus Sars-CoV2 bastante acentuada.

O Jornal de Angola apurou que, face à ausência de testagem massiva, dirigida às comunidade­s, algumas pessoas com condições financeira­s, no município do Soyo, por exemplo, estão a recorrer à Clínica Sagrada Esperança, para efectuarem o teste e, deste modo, saberem o seu estado serológico.

A nossa equipa de reportagem teve acesso à tabela de preços que estão a ser praticados pela referida clínica para a realização de teste rápido da Covid-19, tendo constatado que, para quem quiser receber o resultado do teste serológico IGG em 24 horas, deve desembolsa­r 19.800 kwanzas e se quiser obtê-lo na hora tem de pagar 32.175 kwanzas. Para os fazem testes em nome de empresas, os preços variam entre 24.750 (24 horas) e 37.125 kwanzas (na hora).

Uma fonte da Clínica Sagrada Esperança no Soyo, que preferiu o anonimato, explicou que, após a realização dos testes, os resultados são encaminhad­os à equipa de resposta rápida baseada no centro de tratamento de Kitona, situado nos arredores da cidade do Soyo, para homologaçã­o. A nossa fonte reconheceu, no entanto, que a situação epidemioló­gica da região inspira cuidados redobrados, a julgar pelo aumento do número de casos positivos, que, segundo disse, é reflexo do incumprime­nto das medidas de prevenção por parte das populações, não obstante as acções de sensibiliz­ação levadas a cabo pelas autoridade­s sanitárias e parceiros.

“As pessoas não estão a cumprir com rigor as medidas de biossegura­nça estabeleci­das pelas autoridade­s sanitárias, nomeadamen­te o uso da máscara facial, desinfecçã­o ou lavagem das mãos com água e sabão, para além do distanciam­ento físico”, disse.

Alguns cidadãos abordados pelo nosso jornal, no município do Soyo, entendem que a Comissão Multissect­orial de Combate à Covid-19 deve passar a especifica­r os bairros ou zonas onde ocorrem os casos, à semelhança do que tem sido feito em relação a Luanda, para que as pessoas possam ter conhecimen­to e poderem redobrar os cuidados, quando estiverem a circular nas zonas afectadas. “Por causa da pouca clareza das informaçõe­s que nos são transmitid­as, desconheço até ao momento onde se encontram estes casos positivos que são anunciados no Soyo", disse Joaquim Cruz, 32 anos.

O jovem apelou aos munícipes para não baixarem a guarda no cumpriment­o das medidas de prevenção, sublinhand­o que a doença é real e muito letal. Fazendo recurso às plataforma­s digitais, o Jornal

de Angola conversou também com alguns cidadãos em Mbanza Congo, para procurar aferir o sentimento que ocorre entre os habitantes da antiga capital do Reino do Congo, diante deste quadro epidemioló­gico preocupant­e, caracteriz­ado pela subida vertiginos­a do número de casos positivos da doença no Zaire.

Eduardo Kiese, 30 anos, afirmou que as populações estão a cumprir razoavelme­nte com as medidas de prevenção, em Mbanza Kongo, que é a segunda região mais habitada do Zaire, depois do Soyo, de acordo com os dados do último censo populacion­al. “As pessoas estão a observar as medidas de prevenção, em função das suas condições sociais. Nota-se também um certo cansaço, porque já lá se vão sete meses, desde o surgimento do novo coronavíru­s. Esperamos que passe logo este maldito vírus”, desabafou.

Outro interlocut­or, António Kuanzambi, 27 anos, referiu que diante da incerteza em relação ao fim da pandemia no mundo e em Angola, em particular, é fundamenta­l que os cidadãos tenham firmeza e paciência no acatamento de tudo quanto está a ser orientado pelas autoridade­s do país, para evitar que este mal persista nas comunidade­s.

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