Comissão de Validação recebe 23 candidaturas
A pouco mais de um mês da realização de eleições no Burkina Faso, a Comissão Eleitoral vai analisar agora as 23 candidaturas e validar as que estiverem de acordo com a lei
A Comissão de Validação de Candidaturas às Eleições Presidenciais no Burkina Faso iniciou, ontem, a analisar as 23 candidaturas para validar os que estiverem de acordo com a Lei, soube-se de fonte oficial.
Segundo a AFP, em sessão plenária e na presença de todos os candidatos ou dos seus representantes, esta Comissão está “encarregada de garantir a recepção efectiva dos documentos requeridos para os processos de candidatura e a sua validade”, indicou a Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI).
No total, 23 processos de candidatura às eleições presidenciais de 22 de Novembro, no Burkina Faso, dos quais três apresentados por mulheres, foram recebidos pela CENI.
O Presidente cessante, Roch Marc Christian Kaboré, o líder da oposição burkinabe, Zéphirin Diabré, de 61 anos de idade, que ocupou a segunda posi-ção das eleições de 2015, Eddie Komboïgo, de 56 anos, do Congresso para a Democracia e Progresso (CDP) são os principais candidatos.
Entre os candidatos figuram igualmente o antigo PrimeiroMinistro (1996-2000) sob o regime de Blaise Compaoré, Kadré Désiré Ouédraogo, de 67 anos de idade, Gilbert Noël Ouédraogo, de 58 anos, sob a bandeira da Aliança para a DemocraciaeFederação/Mobilização Democrática Africana (ADF-RDA) e Tahirou Barry, de 45 anos, que se posicionou em 2015 no terceiro lugar .
As três mulheres são Yeli Monique Kam do Movimento para a Renascença do Burkina Faso (MRB) e a docente-investigadora Justine Coulidiati e Korotimi Goretti.
Vários candidatos desconhecidos do grande público depositaram os seus processos, mas não conseguiram pagar a caução de 25 milhões de francos CFA ou não puderam mobilizar as assinaturas exigidas. No total, seis milhões 492 mil 868 eleitores irão a 22 de Novembro às urnas para eleger o Presidente da República do Burkina Faso.
Viúva de Sankara clama por justiça
Mariam Sankara, a viúva do capitão Thomas Sankara, assassinado a 15 de Outubro de 1987, exigiu sábado, Justiça para o seu finado marido, 33 anos após a morte num golpe de Estado que instalou Blaise Compaoré no poder.
"A data de 15 de Outubro de 1987 desperta sempre recordações dolorosas", escreveu Mariam Sankara numa mensagem, a partir de Montpelier, em França, onde vive, revelou a AFP.
"Percebe-se, ainda, 33 anos depois, da pertinência do pensamento do Presidente Thomas Sankara e das acções realizadas pela Revolução Democrática e Popular”, acrescentou a viúva.
"Desde há alguns dias, a opinião pública interrogase sobre o estado de avanço deste processo. Eu posso dizer que, neste momento, o procedimento judicial está em curso. Muitos suspeitos estão detidos”, garantiu Marian Sankara.
Segundo ainda, Mariam Sankara, foram feitas investigações para a identificação dos corpos e que, após o levantamento do sigilo da defesa pelo Governo francês, foram processadas várias informações. “Agora, que a justiça, tão esperada há vários, seja finalmente feita”, desejou.
Durante a liderança de Blaise Compaoré, o dossiê não evoluiu. A queixa relativa ao caso de Thomas Sankara e seus companheiras foi introduzida em 1997 sob o regime do Presidente Compaoré e registou uma absolvição.
Mas na sequência da insurreição popular que derrubou este último do poder, em Outubro de 2014, a Justiça burkinabe fez mover as linhas a começar pela exumação dos corpos e depois testes de DNA.
Blaise Compaoré, acusado neste processo, vive em exílio na Côte d’Ivoire, onde obteve a nacionalidade, tornando difícil a sua extradição, apesar dum mandado de captura internacional emitido pelo Burkina Faso contra ele. Em Março de 2020, foi construído um memorial para homenagear a memória de Thomas Sankara e dos seus companheiros, em Ouagadougou.