Depoimento de Pombal Maria sobre a estética do poeta
poeta e amigo de António Gonçalves, fez o seguinte depoimento, “Em 1994, António Gonçalves lançou o seu primeiro livro de poemas, “Gemido da Pedra”. Um livro que, à época, quebrou o silêncio num momento de escassa produção literária do parque editorial angolano. Angola vivia o apogeu da guerra civil pós-eleitoral, as actividades culturais, mesmo na capital do país, estavam em maré baixa. Na semana seguinte à edição do livro, e, à guisa de recepção crítica, o ensaísta e poeta Jimmy Rufino fez referência ao conjunto de poemas, publicando um texto crítico no suplemento, Vida & Cultura, do Jornal de Angola. Tal facto despertou o público leitor para o aparecimento de um novo autor com preocupações estéticas pertinentes , associado a uma visão do mundo, muito peculiar, descrita por uma estética simbólica, sustentada por uma sarcástica construção metafórica dos problemas sociais, por um processo acentuado de verossimilhança. O texto do escritor Jimmy Rufino causou certa polémica em círculos literários luandenses, de certa forma ambíguos. O referido texto fazia referência a um novo autor com uma sugestiva proposta literária. No entanto, o autor de “Gemido da Pedra” continuou a esculpir a palavra poética e a publicar livros, dos quais destacamos, “Adobe Vermelho da Terra”, “Versos Libertinos” e “Buscando o Homem”, entre outros títulos, deixados nos escaparates das livrarias e bibliotecas. Na verdade, a poesia de António Gonçalves consubstanciase num discurso com preocupações estéticas variadas, dividida entre o modernismo e o pós-modernismo, passando pelo experimentalismo, simbolismo, realismo africano e, por vezes, aprimorando-se do equilíbrio entre o ético e o estético. Importa realçar que a última edição da prestigiada “Revista Dimensão”, do brasileiro Guido Brilharinho, dedica um espaço aos poetas angolanos e reconhece a qualidade dos nossos autores. Da plêiade dos poetas seleccionados, constam João Maimona, David Mestre e António Gonçalves, que recebeu a notícia com muito agrado, por ver os seus poemas publicados naquele espaço literário, que possui leitores de várias latitudes