Zaire intensifica buscas activas dos contactos directos
A maior parte dos cidadãos que testou positivo regressou recentemente de Luanda, o que dificulta determinar o vínculo epidemiológico dos infectados, ou seja, ainda não se sabe se se trata de casos de transmissão local ou não
As equipas de resposta rápida à Covid-19, na província do Zaire, intensificaram, nos últimos dias, as buscas activas dos contactos directos e indirectos dos casos activos registados em Mbanza Kongo e no Soyo.
O porta-voz da Comissão Provincial Multissectorial de combate ao novo coronavírus, João Miguel Paulo afirmou que as buscas activas constituem um trabalho bastante difícil, pelo facto de as pessoas infectadas terem, provavelmente, utilizado caixas electrónicas de levantamento de dinheiro (multicaixa) e participado em convívios, antes da saída dos resultados dos testes.
João Miguel Paulo, que é também o director do Gabinete Provincial da Saúde no Zaire, referiu que Mbanza Kongo carece de um espaço para colocar em quarentena os casos activos, embora sejam assintomáticos.
“Os casos devem ficar isolados, mas Mbanza Kongo não tem um espaço com capacidade suficiente para proceder ao isolamento destes casos. Esforços estão a ser envidados no sentido de montar tendas. Neste momento, os casos estão controlados num local fora das comunidades. A nossa maior preocupação são os contactos que efectuaram, por isso, a equipa de resposta rápida e o serviço de vigilância epidemiológica estão a trabalhar para que seja possível localizar estes contactos”, referiu.
João Miguel Paulo justificou a informação tardia dos casos positivos registado em Mbanza Kongo com o facto de os resultados serem disponibilizados de forma faseada, pelo laboratório, em Luanda. “As amostras são enviadas diariamente, mas os resultados chegam faseadamente. Portanto, há a necessidade de aumento de testes na região. Não temos material suficiente, somos uma província com mais de 500 mil habitantes e não temos capacidade de aquisição de testes. Dependemos exclusivamente do Ministério da Saúde, que nos cede os testes com os quais recolhemos as amostras que permitiram obter estes resultados”, sublinhou.
A maior parte dos cidadãos que testou positivo, esclareceu, regressou recentemente de Luanda, o que dificulta determinar o vínculo epidemiológico dos casos, ou seja, ainda não se sabe se se trata de infecções de transmissão local ou não. “Sem que os serviços de vigilância epidemiológica trabalhem nas fichas de notificação de cada um dos infectados, para permitir averiguar a proveniência da transmissão da doença, não é possível determinar se os casos são de transmissão local ou não”, disse.
João Miguel Paulo aconselhou a população a redobrar os cuidados e cumprir as medidas de biossegurança. “Toda a sociedade deve estar envolvida nesta luta, incluindo Organizações Não-Governamentais e instituições religiosas”, referiu.