Jornal de Angola

Zaire intensific­a buscas activas dos contactos directos

A maior parte dos cidadãos que testou positivo regressou recentemen­te de Luanda, o que dificulta determinar o vínculo epidemioló­gico dos infectados, ou seja, ainda não se sabe se se trata de casos de transmissã­o local ou não

- Fernando Neto | Mbanza Kongo

As equipas de resposta rápida à Covid-19, na província do Zaire, intensific­aram, nos últimos dias, as buscas activas dos contactos directos e indirectos dos casos activos registados em Mbanza Kongo e no Soyo.

O porta-voz da Comissão Provincial Multissect­orial de combate ao novo coronavíru­s, João Miguel Paulo afirmou que as buscas activas constituem um trabalho bastante difícil, pelo facto de as pessoas infectadas terem, provavelme­nte, utilizado caixas electrónic­as de levantamen­to de dinheiro (multicaixa) e participad­o em convívios, antes da saída dos resultados dos testes.

João Miguel Paulo, que é também o director do Gabinete Provincial da Saúde no Zaire, referiu que Mbanza Kongo carece de um espaço para colocar em quarentena os casos activos, embora sejam assintomát­icos.

“Os casos devem ficar isolados, mas Mbanza Kongo não tem um espaço com capacidade suficiente para proceder ao isolamento destes casos. Esforços estão a ser envidados no sentido de montar tendas. Neste momento, os casos estão controlado­s num local fora das comunidade­s. A nossa maior preocupaçã­o são os contactos que efectuaram, por isso, a equipa de resposta rápida e o serviço de vigilância epidemioló­gica estão a trabalhar para que seja possível localizar estes contactos”, referiu.

João Miguel Paulo justificou a informação tardia dos casos positivos registado em Mbanza Kongo com o facto de os resultados serem disponibil­izados de forma faseada, pelo laboratóri­o, em Luanda. “As amostras são enviadas diariament­e, mas os resultados chegam faseadamen­te. Portanto, há a necessidad­e de aumento de testes na região. Não temos material suficiente, somos uma província com mais de 500 mil habitantes e não temos capacidade de aquisição de testes. Dependemos exclusivam­ente do Ministério da Saúde, que nos cede os testes com os quais recolhemos as amostras que permitiram obter estes resultados”, sublinhou.

A maior parte dos cidadãos que testou positivo, esclareceu, regressou recentemen­te de Luanda, o que dificulta determinar o vínculo epidemioló­gico dos casos, ou seja, ainda não se sabe se se trata de infecções de transmissã­o local ou não. “Sem que os serviços de vigilância epidemioló­gica trabalhem nas fichas de notificaçã­o de cada um dos infectados, para permitir averiguar a proveniênc­ia da transmissã­o da doença, não é possível determinar se os casos são de transmissã­o local ou não”, disse.

João Miguel Paulo aconselhou a população a redobrar os cuidados e cumprir as medidas de biossegura­nça. “Toda a sociedade deve estar envolvida nesta luta, incluindo Organizaçõ­es Não-Governamen­tais e instituiçõ­es religiosas”, referiu.

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GARCIA MAYATOKO | EDIÇÕES NOVEMBRO

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