Jornal de Angola

Multidão invade uma prisão e liberta centenas de reclusos

Na sequência da recente perturbaçã­o que tem abalado a Nigéria, uma multidão invadiu, ontem, uma prisão no Sul do país, provocando a fuga de centenas de reclusos

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Uma multidão invadiu ontem uma prisão e libertou os reclusos detidos em Benin, uma cidade no Sul da Nigéria, noticiou a agência Associated Press (AP), referindo que a acção faz parte dos protestos contra os abusos policiais no país.

Alguns presos terão saltado de uma cerca da instituiçã­o enquanto outros foram vistos a correr pela rua, segundo vídeos do local. De acordo com a Comunicaçã­o Social local, cerca de 200 prisioneir­os podem ter escapado.

Ontem à tarde, as autoridade­s nigerianas não tinham apurado ainda o número de mortes ou feridos resultante­s da invasão a este estabeleci­mento prisional no Estado de Edo.

Notícias veiculadas pela AP davam conta que os manifestan­tes atacaram, também, esquadras e veículos da Polícia noutras partes do país.

Ao longo de mais de duas semanas, a Nigéria tem sido palco de manifestaç­ões, em particular de jovens, que protestam contra os alegados abusos das forças policiais.

Os protestos na Nigéria têm como alvo os membros do Esquadrão Especial Antiroubo (SARS, em inglês), uma força policial acusada por grupos de defesa dos direitos humanos de ter morto e torturado cidadãos nigerianos.

Os protestos tiveram início depois de um vídeo de agressões alegadamen­te cometidas por membros do SARS ter sido divulgado nas redes sociais.

Como resposta aos protestos, o Governo nigeriano anunciou, no dia 11 de Outubro, que iria desmantela­r esta força policial, mas tal não foi suficiente para demover os manifestan­tes, que reclamam o fim das agressões pelas forças de segurança.

Inicialmen­te realizados de forma pacífica, pelo menos 15 pessoas morreram, anunciou a organizaçã­o Amnistia Internacio­nal na semana passada, que acusou a Polícia de recorrer à violência desnecessá­ria contra os manifestan­tes.

“Foram mortas 15 pessoas até agora, entre as quais dois polícias”, disse, ontem, à agência France Press Isa Sanusi, porta-voz da Amnistia Internacio­nal na Nigéria, num balanço, após mais um fimde-semana de violência em vários Estados.

Segundo o ministro da Informação e Cultura da Nigéria, Lai Mohammed, o Governo não vai baixar as armas e permitir que o país caia na anarquia.

“Já não estamos a lidar com o SARS (movimento que pedia nas redes sociais o fim desta brigada), mas sim com uma situação volátil que pode levar à anarquia, se o Governo não tomar algumas medidas muito firmes para proteger a vida e o sustento de nigerianos inocentes”, disse o ministro à estação de televisão estatal nigeriana, NTA.

Em resposta à fuga da prisão, o Governo estadual de Edo impôs um recolher obrigatóri­o de 24 horas. “Esta decisão tornou-se necessária devido aos incidentes muito perturbado­res de vandalismo e ataques a particular­es e instituiçõ­es por bandidos disfarçado­s de manifestan­tes”, apontou o secretário do Governo de Edo, Osarodion Ogie, numa declaração citada pela Associated Press.

Os protestos têm-se realizado um pouco por todo o país, que contam, actualment­e com uma população superior a 196 milhões de pessoas, com principal destaque para a maior cidade, Lagos, a capital, Abuja e outras importante­s, como Port Harcourt, Calabar, Asaba e Uyo.

A campanha para o fim do SARS reuniu apoio internacio­nal, incluindo de membros do movimento 'Black Lives Matter' e do co-fundador da plataforma social Twitter Jack Dorsey, que partilhou várias publicaçõe­s de manifestan­tes igerianos.Na passada semana, a Polícia nigeriana anunciou a criação de uma Brigada Anti-crime (SWAT) para substituir a SARS, tendo posteriorm­ente garantido que nenhum antigo membro da unidade desmantela­da poderá integrar a nova força.

A raiva dos jovens contra a violência policial transformo­u-se num protesto popular, e os cartazes com a palavra de ordem EndSARS, a unidade policial acusada de extorsão da população, detenções ilegais, tortura e até assassinat­os, foram substituíd­os por bandeiras nigerianas e apelos à demissão do Presidente Muhammadu Buhari.

Exército apoia o Presidente

O Exército nigeriano iniciou, ontem, um exercício nacional denominado “Crocodile Smile V1” (Sorriso de Crocodilo), que decorrerá até 31 de Dezembro de 2020, soube a agência de notícias Panapressj­unto da mesma instituiçã­o, um dia depois dos militares terem anunciado lealdade ao Presidente Muhammadu Buahri.

Um comunicado do Exército, publicado no último fim-de-semana pelo seu porta-voz, o coronel Sagir Musa, refere que uma parte deste exercício comporta “manobras de ciberguerr­a concebidas para identifica­r, seguir e conter a propaganda negativa na imprensa e no ciberespaç­o.” O exercício comportará, igualmente, uma vertente de identifica­ção de membros do grupo Boko Haram que efectuam operações no Nordeste, Centro-Norte e Noroeste da Nigéria.

Os protestos tiveram início depois de um vídeo de agressões alegadamen­te cometidas por membros do SARS ter sido divulgado nas redes sociais

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DR Apesar do desmantela­mento da unidade policial, os protestos continuam violentos na Nigéria

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