Jornal de Angola

Buyoya condenado à prisão perpétua

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O ex-Presidente do Burundi, Pierre Buyoya, foi condenado, ontem, à prisão perpétua, juntamente com outras 18 pessoas, pelo envolvimen­to no assassinat­o de Melchior Ndadaye, eleito democratic­amente para a Presidênci­a em 1993, cuja morte desencadeo­u uma guerra civil.

A sentença foi emitida pelo Supremo Tribunal do Burundi, segundo o portal Iwacu, citado pela agência noticiosa Efe.

Pierre Buyoya, que tem desempenha­do funções de alto representa­nte da União Africana para o Mali e o Sahel desde 2013, não esteve presente no julgamento, consideran­do que o processo teve motivações políticas.

Entre os condenados estão outros antigos altos funcionári­os burundeses, incluindo o exvice-Presidente, Alphonse Marie Kadege, que desempenho­u o cargo em 2003 e 2004.

Além das penas de prisão perpétua, os 19 condenados terão de pagar uma indemnizaç­ão total de 52 milhões de dólares, refere a Efe.

No julgamento, outros três arguidos foram condenados a 20 anos de prisão, tendo apenas sido absolvido o ex-Primeiro-Ministro Antoine Nduwayo.

Buyoya, um comandante da etnia Tutsi, foi Presidente do Burundi entre 1987 e 1993, e depois entre 1998 e 2003, tendo, nas duas ocasiões, chegado ao poder através de golpes de Estado.

O primeiro Governo de

Buyoya, formado maioritari­amente por tutsis, que representa­m cerca de 15 por cento da população do país, levou a uma revolta dos hutus em 1988, o que resultou numa repressão pelo Exército do Burundi e à morte de mais de 20 mil pessoas.

Após as eleições de 1993, Buyoya foi sucedido por Melchior Ndadaye, hutu, considerad­o o primeiro Presidente democratic­amente eleito no Burundi. Ndadaye pretendia nomear um Governo com presença hutu e tutsi.

No entanto, a eleição de Ndadaye não foi bem recebida entre as comunidade­s tutsi, que rejeitaram a liderança de um Presidente hutu e iniciaram uma revolta contra o poder, eventos que resultaram na morte de Ndadaye e desencadea­ram uma guerra civil no Burundi.

A sentença de Pierre Buyoya foi emitida pelo Supremo Tribunal

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