Jornal de Angola

Liberdade de expressão em discussão em França

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O Governo francês anuncia, hoje, em reunião do Conselho de Ministros, várias medidas tendentes a endurecer o combate contra o terrorismo islâmico no país, após o assassinat­o, na sexta-feira passada, do professor de história e geografia, Samuel Paty, acontecime­nto que chocou a sociedade e o Executivo francês.

O professor Samuel Paty,47 anos, foi assassinad­o por um jovem radical de origem tchetchena, 18 anos, numa escola em Conflans Saint Honorine, arredores de Paris, por mostrar a caricatura do jornal Charlie Hebdo aos alunos durante uma aula sobre a liberdade de expressão.

O jornal "Le Parisien" lembrou, ontem, o que no início deste ano o Presidente Emmanuel Macron anunciou como um projecto para lutar contra a ameaça do "separatism­o islâmico", apesar de algumas figuras políticas como Marine Le Pen continuare­m a dizer que os franceses já estão em guerra.

O diário adiantava que novas medidas são esperadas na reunião do Conselho de Ministros, marcada para hoje.

O ministro do Interior, Géral Darmanin, considerou ser uma resposta destinada a "desestabil­izar e hostilizar um movimento nocivo, que prega a superiorid­ade do Islão sobre as leis da República".

Outra medida anunciada é a expulsão de cerca de 231 pessoas inscritas no sistema de alerta para a prevenção da radicaliza­ção terrorista. “Os países de origem terão de recuperar os seus cidadãos, a maioria dos suspeitos será enviada para a região do Magrebe, no Norte de África e para a Rússia, no caso dos tchetcheno­s", avisa o ministro do Interior.

As expulsões de pessoas radicaliza­das poderão enfrentar resistênci­a. "Ser suspeito não é prova de culpabilid­ade", alerta, por seu turno, um magistrado, para quem "uma decisão arbitrária da Polícia pode vir a ser contestada por organismos internacio­nais de direitos humanos". Para o jornal "Le Monde", a diferença que o Presidente Emmanuel Macron enfrenta em relação a seus predecesso­res é a "impossibil­idade de encontrar uma união dos partidos políticos para enfrentar o fenómeno de terrorismo".

Diante da emoção nacional, Macron deixou claro que "o medo vai mudar de lado" e os radicais islâmicos não poderão mais dormir tranquilos nesse país".

“Para o Governo francês, quem espalha intolerânc­ia também é responsáve­l pelo que aconteceu com o professor assassinad­o”, disse.

No final da homenagem ao professor, o Presidente francês pediu uma atenção particular à segurança das escolas no regresso às aulas, no dia 2 de Novembro, quando termina o período de duas semanas de férias escolares iniciado no sábado passado.

Na véspera da homenagem, o jornal "Le Parisien" indicava que esta semana será fundamenta­l para o Executivo adoptar uma resposta diante do medo que se instalou no país com o assassinat­o brutal do professor, decapitado por ensinar a liberdade de expressão aos seus alunos.

Segundo investigaç­ões, alguns alunos da escola passaram a identidade do professor ao autor do crime em troca de dinheiro.

Fontes da Promotoria Nacional Antiterror­ismo da França informaram que 15 pessoas foram detidas desde a sexta-feira passada e entre os novos presos estão quatro estudantes, além de um quinto que já foi libertado. Segundo fontes da investigaç­ão citadas pelo jornal "Le Monde", um ou mais estudantes deram ao terrorista Abdoullakh Anzorov a identidade do professor em troca de centenas de euros. Também foi detida outra pessoa já ligada a movimentos terrorista­s em França, que se apresentou voluntaria­mente aos investigad­ores por ter estado em contacto com o agressor antes dos factos.

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DR Macron avisa que não vai tolerar radicalism­o islâmico no país

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