Tumulto causa morte e feridos no Sequele
Populares criaram barricadas, atearam fogo nos dois sentidos da via principal e atacaram vários automobilistas e transeuntes
Um cidadão,
que aparenta ter 30/35 anos, morreu, ontem, na sequência de um tumulto registado no Sequele, município de Cacuaco, arredores de Luanda.
Durante o tumulto, três pessoas ficaram feridas e 50 foram detidas.
Segundo testemunhas, tudo começou quando elementos da Fiscalização da Administração de Cacuaco tentavam demolir casebres erguidos ilegalmente, no Santuário dos Imbondeiros.
Em resposta, populares insurgiram-se contra os fiscais da Administração de Cacuaco e efectivos da Polícia Nacional, criaram barricadas, atearam fogo nos dois sentidos da via principal do Sequele e atacaram automobilistas e transeuntes que tentavam fazer imagens da manifestação.
A população partiu vidros de viaturas e agrediu fisicamente alguns transeuntes. "Quando tentaram partir os vidros de uma viatura Toyota Prado, um dos ocupantes baixou o vidro e fez dois disparos, que atingiram mortalmente o jovem, na cabeça", disse uma das testemunhas.
Segundo uma fonte da Polícia Nacional, os manifestantes tinha sido orientados a abondanar o local, mas recusaram, numa demosnstração de desrespeito às autoridades. "Já aconselhámos estas pessoas a abandonar este local, mas elas insistem em ficar aqui e já derrubaram até imbondeiros. São teimosos", disse.
Uma moradora, que se identificou apenas como Madalena, 60 anos, disse que possui o terreno muito antes da construção da Centralidade do Sequele. "Já temos este terreno há bastante tempo. A centralidade já nos encontrou. Se demolirem a nossa casa, não temos para onde ir. Ou ficamos aqui ou vão ter de nos matar também", disse aos prantos.
O tumulto começou quando eram 11 horas. A via principal do Sequele ficou interdita nos dois sentidos. Ninguém saía nem entrava. Depois de relativa acalmia, as duas vias foram reabertas. Alguns automobilistas e ocupantes de viaturas que tentaram fazer novas imagens foram detidos pela Polícia Nacional e viram retidos os telemóveis.
Criado numa área equivalente a 33 mil campos de futebol, o Santuário dos Imbondeiros, na zona do Sequele, em Luanda, está a sofrer uma desmatação sem precedentes, para construções anárquicas.
As ocupações anárquicas, que começaram há quatro anos, com o surgimento de casebres, dão hoje lugar a construções de cimento. Na ausência da autoridade, os próprios invasores criaram uma comissão de moradores, que hoje é responsável pela atribuição de espaços.