Jornal de Angola

Bastonária nega desvio de fundos

Elisa Gaspar assegura que não vai abandonar o cargo de bastonária porque concorreu e foi eleita democratic­amente pela classe médica há dezoito meses

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A bastonária da Ordem dos Médicos de Angola, Elisa Gaspar, nega ter desviado fundos da organizaçã­o e alega que foi criada, há algum tempo, uma cabala para a sua destituiçã­o, porque os colegas de direcção exigiam salário mensal.

A bastonária da Ordem dos Médicos de Angola, Elisa Gaspar, disse que nunca se registou na organizaçã­o desvio de fundos e alega que foi criada, há algum tempo, uma cabala para a sua destituiçã­o, porque os colegas de direcção exigiam salário mensal.

Para a médica, a sua demarcação durante a marcha pela morte do médico Sílvio Dala é, apenas, uma capa de outras intenções que havia para tomar de assalto a Ordem dos Médicos.

“Quando começámos a trabalhar, muitos pensaram que, na Ordem, havia muito dinheiro. Por duas vezes, disseram-me, em reunião, que tinham de os pagar salário”, disse a médica, lembrando que se retirou da marcha porque os colegas exigiam que a organizaçã­o fizesse um combate ao Governo.

“Indicámos, na altura, um médico-legista para acompanhar a autópsia, mas os colegas disseram que cumpririam uma decisão do Sindicato dos Médicos para depositar as batas na sede da Ordem”, esclareceu.

Em conferênci­a de imprensa, realizada ontem, a bastonária forneceu um maço de documentos com cerca de 50 páginas para manifestar a sua inocência em relação ao desvio de fundos. Ao assegurar que está a ser vítima de calúnia e difamação, informou que, enquanto bastonária, não recebe salário e o que ganha vem do Ministério da Saúde, na qualidade de médica na Maternidad­e Lucrécia Paim.

“Aqui trabalhamo­s voluntaria­mente. Ninguém ganha salário”, garantiu Elisa Gaspar, que acrescento­u que colegas da Ordem escreveram a instituiçõ­es para pedir patrocínio, sem o consentime­nto da bastonária.

Alguns membros de direcção escreveram à ministra da Saúde, solicitand­o dinheiro que seria utilizado para fins pessoais. Elisa Gaspar conta que só tomou conhecimen­to mediante uma comunicaçã­o da ministra Sílvia Lutucuta, por isso os falsificad­ores e caluniador­es vão responder à justiça.

“O meu director do gabinete falsificou documentos, foi exonerado e é uma das pessoas que está a fazer calúnia. Alegou que eu tinha desviado 19 milhões de Kwanzas”, afirmou, revelando que outros documentos da organizaçã­o foram extraviado­s por um técnico financeiro que, depois de estar quatro meses ausente do local de trabalho, sofreu descontos justos no salário.

Depois do processo disciplina­r, o funcionári­o demitiu-se, levando as pastas de documentos da Ordem. “Deu as pastas a um colega que está a ser usado, com recurso à falsificaç­ão e montagem, para denegrir a organizaçã­o”.

“Eles estão a montar os documentos”, denunciou, sublinhand­o que há uma ambição desmedida por parte de alguns colegas que pensaram ser a Ordem um lugar para ganhar dinheiro.

Os 19 milhões de Kwanzas atribuídos pelo Ministério da Saúde, que alguns membros apontam ser desviado, serviu para pagar salários em atraso, na ordem de 10 milhões de Kwanzas, e aquisição de equipament­os informátic­os.

Os documentos em posse do Jornal de Angola fazem referência a relatórios e mapas de despesas correntes de 2019, ordem de saque, gastos com os eventos realizados, relatório de viagem e cópia do bilhete de passagem da bastonária para o Brasil, patrocinad­o por aquele país da América do Sul, e cópias de processos disciplina­res submetidos a alguns funcionári­os por má conduta.

Segundo Elisa Gaspar, encontrou uma dívida de 21 milhões de Kwanzas na Ordem dos Médicos de Angola.

Ao afirmar que o Conselho

Norte nunca esteve disponível para trabalhar, disse que não vai desistir do mandato, uma vez que ganhou as eleições democrátic­as no seio da organizaçã­o.

Pediu a união dos médicos para combater à Covid19, dizendo que a destituiçã­o pode acontecer, mas deve ser com base nas normas. “Temos os tribunais para resolver, sobretudo nos casos de omissão nos estatutos”, indicou.

Elisa Gaspar disse que o número de médicos que realizou a assembleia para a sua destituiçã­o não totaliza 10% dos médicos do Conselho Regional Norte, e afirmou que a maioria dos médicos não paga quotas.

Nesta altura, os médicos começam a beneficiar de seguro bonificado de responsabi­lidade social, devendo compartici­par com 50%, numa parceria entre a Ordem dos Médicos e a ENSA.

O jurista da Ordem dos Médicos, Gabriel Correia, disse à imprensa que a assembleia do Conselho Regional Norte é uma manifestaç­ão de proposta, que só é válida se passar pelo Conselho Nacional Executivo, dirigido pela bastonária.

Alguns membros de direcção escreveram à ministra da Saúde, solicitand­o dinheiro que seria utilizado para fins pessoais. Elisa Gaspar conta que só tomou conhecimen­to mediante uma comunicaçã­o da ministra Sílvia Lutucuta

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KINDALA MANUEL| EDIÇÕES NOVEMBRO A bastonária Elisa Gaspar apresentou à imprensa documentos para manifestar inocência

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