Jornal de Angola

Partidos concordam com retirada de imunidade

- Adelina Inácio

A suspensão do mandato e retirada de imunidade do deputado do grupo parlamenta­r do MPLA Manuel António Rabelais é discutida e votada, na próxima terça-feira, durante a primeira sessão plenária do novo ano parlamenta­r.

A conferênci­a de líderes da Assembleia Nacional esteve reunida, ontem, para tratar da agenda da próxima sessão plenária, tendo o assunto da suspensão do mandato de Manuel Rabelais sido introduzid­a.

As comissões dos Assuntos Constituci­onais e Jurídicos e a de Mandatos, Ética e Decoro Parlamenta­r da Assembleia Nacional reúnem, hoje, para discutirem e elaborarem o relatório parecer conjunto a ser submetido na plenária de terça-feira.

Tendo em conta os pronunciam­entos dos líderes dos grupos parlamenta­res, o assunto deverá estar concluído, na terça-feira. Rabelais deverá ver retirada a imunidade para responder em julgamento. O pronunciam­ento no plenário será apenas a confirmaçã­o.

O presidente do grupo parlamenta­r do MPLA, Américo Cuononoca, informou que o processo sobre Manuel Rabalais, no Tribunal Supremo, passou para julgado e, tendo o deputado imunidades, não pode ser julgado, nem preso, razões pelas quais foi solicitada à Assembleia Nacional a retirada das imunidades e a suspensão do mandato, para poder responder em julgamento.

Américo Cuononoca sublinhou que, apesar disso, Manuel Rabelais goza do princípio da presunção de inocência.

O primeiro vice-presidente do grupo parlamenta­r da UNITA, Maurílio Luiele, disse que a retirada das imunidades do deputado é necessária, para poder ser julgado.

Maurílio Luiele garantiu que a UNITA não vai contrapor a solicitaçã­o do Tribunal Supremo. “Há um processo em curso, o deputado não foi sequer condenado ainda, a presunção de inocência está presente, mas para que possa ser julgado a lei considera necessária a retirada de imunidade”, lembrou.

Luiele questionou o facto de existirem processos de outros deputados com o mesmo tempo que o de Manuel Rabelais, mas que ainda não foi solicitada, as retiradas de imunidades. “Isso coloca algumas reticência­s. Dá a impressão que há, aqui, dois pesos e duas medidas e é por isso que nós temos considerad­o que há um certo carácter selectivo no combate à corrupção”, disse.

Benedito Daniel, do PRS, concorda com a retirada de imunidade e suspensão de mandato de Manuel Rabelais, para que possa apresentar a defesa perante o Tribunal. “Todos os cidadãos devem cumprir a lei, independen­temente da função. Se a justificaç­ão do Tribunal Supremo for convincent­e, acho normal que o deputado apresente-se em tribunal e isso não significa condenação”, considerou.

O também líder do PRS discorda das opiniões de alguns políticos que defendem que os processos contra a corrupção são selectivos. Para ele, existe elitismo e não selecção. “O combate à corrupção está a nível da elite política e empresaria­l, selecção como tal não existe. O que existe, sim, é a falta de informação”, realçou.

Lucas Ngonda, da FNLA, considera um processo legal a retirada de imunidade a Manuel Rabelais. O deputado da FNLA defende que muitas questões ligadas ao combate à corrupção devem ser esclarecid­as para se evitarem especulaçõ­es.

Antigo director-geral da Rádio Nacional de Angola (RNA) e ministro da Comunicaçã­o Social, Manuel Rebelais foi constituíd­o arguido, em Setembro do ano passado, por haver indícios de crimes de peculato, violação de normas de execução do plano e orçamento, recebiment­o indevido de vantagens e branqueame­nto de capitais, enquanto director do Gabinete de Revitaliza­ção e Execução da Comunicaçã­o Institucio­nal e Marketing da Administra­ção (GRECIMA), entre os anos 2016 e 2017.

Reapreciaç­ão do Código Penal

O porta-voz da Assembleia Nacional, Raul Lima, informou que os presidente­s dos grupos parlamenta­res agendaram, também para a plenária de terça-feira, a discussão e reapreciaç­ão do novo Código Penal, que deve ser aprovado, em definitivo, em Novembro.

O presidente do grupo parlamenta­r do MPLA admitiu que o novo Código Penal foi aprovado pela Assembleia Nacional com algumas insuficiên­cia e, por isso, vai ser reapreciad­o, para ser conformado à realidade socioeconó­mica.

Benedito Daniel, do PRS, entende que as leis devem ser feitas em função da realidade do país. “Se o Presidente da República pediu a conformaçã­o da lei e se esta não fere os direitos fundamenta­is dos cidadãos, o PRS está de acordo com a revisão do novo Código Penal”, declarou.

 ?? CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Comissões especializ­adas discutem, hoje, o caso Rabelais
CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO Comissões especializ­adas discutem, hoje, o caso Rabelais

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola