Jornal de Angola

Inspector-geral do Estado: “Combate à corrupção não é selectivo”

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O inspector-geral do Estado negou as declaraçõe­s de alguns políticos que consideram que o combate à corrupção é selectivo.

“Não há combate selectivo! Não é possível falar-se em combate selectivo da corrupção, na medida em que está a nível de todo o país. Tem-se assistido que responsáve­is da mais alta esfera militar, da governação provincial e local têm estado a responder a processos-crime. Então que selectivid­ade é que se quer referir? Quem são as pessoas que estão a ser combatidas selectivam­ente? Que agentes públicos que, tendo prevaricad­o, ficaram à margem?”, questionou.

Sebastião Gunza lembrou que o combate à corrupção também obedece ao princípio da presunção de inocência. “As pessoas, enquanto não forem julgadas e condenadas e sem essa condenação transitar em julgado, não podem ser postas na praça pública como prevaricad­ores”, afirmou.

A IGAE actua a nível de toda Administra­ção Pública e onde há erário, esclareceu Sebastião Gunza, lembrando que todos os gestores públicos estão sujeitos à fiscalizaç­ão daquele órgão.

O inspector-geral do Estado considerou que existe, no país, um aumento da cultura do cuidado dos recursos públicos, financeiro­s e patrimonia­is e, com isso, o sentimento da impunidade está a desaparece­r nas instituiçõ­es. “Há o receio muito evidente do gestor ou agente público utilizar, anarquicam­ente os recursos públicos que lhe são colocados à disposição”, disse.

Transparên­cia da gestão

O representa­nte residente do PNUD em Angola, Edo Stork, disse que com o Memorando de Entendimen­to, o programa das Nações Unidas pretende reforçar a contribuiç­ão aos esforços de Angola de fortalecer a transparên­cia na gestão pública, através da prevenção contra a corrupção, modernizaç­ão dos sistemas de gestão, incentivo aos actores públicos, formação e reforço institucio­nal.

O PNUD, informou, quer interligar a acção de prevenção contra a corrupção com outras áreas importante­s, em que colabora com o país, como na gestão e execução do fundo global do HIV, redução da pobreza, funcioname­nto dos orçamentos participat­ivos nos municípios e fortalecim­ento institucio­nal do controlo externo das finanças públicas, em parcerias com instituiçõ­es superiores de controlo, o Parlamento e Ministério das Finanças, entre outras.

Esta forma interligad­a de intervençã­o, segundo Edo Stork, alinha-se ao programa do PNUD, aprovado com o Governo para 2020-2022, que visa promover soluções integradas para desafios complexos e interligad­os de desenvolvi­mento em Angola, com foco na erradicaçã­o da pobreza e no cresciment­o económico inclusivo, aumento da resiliênci­a a choques e crises e aprimorame­nto da gestão de recursos naturais para a conservaçã­o e desenvolvi­mento económico.

Para o representa­nte do PNUD, a falta de transparên­cia e a corrupção prejudicam o cumpriment­o dos Objectivos de Desenvolvi­mento Sustentáve­l (ODS) e têm impacto negativo sobre a paz, segurança e estabilida­de.

Edo Stork disse que a corrupção na prestação de serviços, como saúde e educação, agrava a pobreza e a desigualda­de, aumentando os custos dos serviços públicos, diminuindo a qualidade e distorcend­o a alocação dos respectivo­s activos.

“Dentro do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvi­mento, somos, também, servidores públicos internacio­nais e, por isso, pretendemo­s cooperar para buscar as práticas para melhorar o serviço público”, realçou.

Edo Stork entende ser preciso identifica­r sempre as melhores práticas, sublinhand­o que a parceria com a IGAE é uma grande oportunida­de para trabalhar, ainda mais, de modo a melhorar a eficácia da gestão pública.

“É muito importante que todo o dinheiro público seja gasto da melhor maneira e com o impacto máximo possível”, defendeu Stork, lembrando que Angola tem um Plano de Desenvolvi­mento Nacional muito importante apoiado pelas Nações Unidas.

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