Aprender com os problemas
O dilema vivido por muitos países relativamente ao regresso gradual à normalização da vida em sectores como a Educação, pelo menos para mencionar este, e o condicionante problema da pandemia, numa altura em que o Ensino Geral se presta a reiniciar, constitui também em Angola um tema fracturante. A sociedade está dividida, as famílias, naturalmente, apreensivas e as autoridades, atendendo às responsabilidades acrescidas das mesmas, atentas a todos os desenvolvimentos em torno da actual conjuntura para a tomada de decisões e medidas que melhor sirvam os interesses do Estado.
Obviamente que, em todas as ponderações, a salvaguarda da vida humana e a defesa da Saúde Pública acabam por condicionar e influenciar o chamado processo de formulação de decisão política. As nossas autoridades precisam, naturalmente, de reunir dados fiáveis, números convincentes e informações concretas que permitam uma avaliação correcta da situação por que passamos todos, de forma directa e indirecta, por causa da Covid-19.
Há dias, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, lembrou que todas as avaliações estão a ser feitas, mormente as relacionadas com o previsível reinício das aulas ao nível do primeiro nível, envolvendo as classes desde a primeira à quinta, atendendo ao percentual de infecções divulgado pela Comissão Multissectorial, com tendência altista nos últimos dias.
Acreditamos que a concertação social deverá funcionar e, por razões de precisão e fiabilidade, o mais importante poderão não ser, necessariamente, os números diários, tal como divulgados, mas o verdadeiro funcionamento e o impacto da cadeia de contágio.
Nós não temos ainda implantado, nos principais focos de contágio, um mecanismo, ainda que empírico ou rudimentar, para um acompanhamento que permite estatisticamente segmentar os locais e pessoas com maior propensão para a infecção. Nesta altura, já devia existir um mecanismo ou espécie de observatório junto dos principais locais de ajuntamentos humanos, como os mercados, as paragens de autocarros e os locais de concentração de pessoas nos bairros, para monitorar a cadeia de contágio.
Não é recomendável que fiquemos apenas pela discussão em torno da criação das condições ou, por eventuais razões ligadas à falta delas, encerrar-se simplesmente o actual ano lectivo, tal como defendem alguns círculos. Nada está descartado e as autoridades acompanham todas as incidências, com a ajuda dos seus parceiros sociais, de maneira que, embora tenhamos reiniciado as aulas, com as classes de exame, e com a perspectiva de outras classes, saibamos aprender com os nossos erros, melhorar e seguir em frente.
O mais importante, além do exercício de aprendizagem sobre todo esse complexo processo que envolve avanço, acompanhamento sobre o que se está a passar e um eventual recuo, é que saibamos retirar as melhores lições.
Não precisamos de promover o pânico, nem de exagerar na avaliação que fazemos, por excesso ou defeito, quando o mais importante continua a ser a aprendizagem por que passamos.