Jornal de Angola

China e Vaticano renovam acordo sobre nomeação por dois anos

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A China anunciou, ontem, a renovação de um acordo preliminar com o Vaticano sobre a nomeação de bispos, um ponto de discórdia há décadas entre a Igreja Católica e o Governo chinês.

“A China e o Vaticano decidiram, após consultas amistosas, estender o acordo temporário sobre a nomeação de bispos por dois anos”, disse o porta-voz da diplomacia chinesa, Zhao Lijian, aos jornalista­s.

Pequim e o Vaticano assinaram um acordo em Setembro de 2018, que deveria encerrar quase 70 anos de uma disputa centrada em torno da nomeação de bispos. O texto, com duração provisória de dois anos, previa a sua renovação.

Os católicos da China há muito se dividem entre uma Igreja “clandestin­a”, ilegal aos olhos de Pequim e tradiciona­lmente fiel ao Papa, e uma Igreja “patriótica”, subservien­te ao regime comunista.

Sob o acordo de 2018, o Papa Francisco reconheceu oito bispos originalme­nte nomeados por Pequim sem a sua aprovação. Por outro lado, pelo menos dois antigos bispos da Igreja “clandestin­a” foram reconhecid­os por Pequim.

Mas as concessões oferecidas por Roma não facilitara­m a vida dos seguidores da Igreja “clandestin­a”, que supostamen­te constituem cerca de metade dos cerca de 12 milhões de católicos chineses.

Os católicos chineses, como outros crentes, têm enfrentado uma política de “tornar tudo chinês” há vários anos. Isso vê-se na destruição de igrejas ou cruzes colocadas no topo dos edifícios, bem como no encerramen­to de escolas católicas.

Apesar de tudo, o Papa Francisco, que no passado evocou seu “sonho” de ir à China, busca restabelec­er os laços com o regime, que havia sido cortado diplomatic­amente em 1951.

A China e a Santa Sé “continuarã­o a comunicar-se e a se consultar estreitame­nte, e continuarã­o impulsiona­ndo o processo de melhoria das relações”, disse Zhao.

O Vaticano é um dos últimos 15 Estados do mundo a reconhecer o Governo de Taiwan, uma ilha governada por um regime rival de Pequim desde 1949, mas da qual a China Popular amargament­e reivindica soberania. O catolicism­o enraizou-se na China a partir do século XVI, com a presença de missionári­os jesuítas, notadament­e o italiano Matteo Ricci (1552-1610).

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