Jornal de Angola

Angolaniza­ção do sector petrolífer­o cresce a bom ritmo

- Mateus Cavumbo

Algumas empresas do sector petrolífer­o têm o processo de angolaniza­ção atingido acima dos 75 por cento, ultrapassa­ndo a meta definida inicialmen­te que é de 70 por cento.

O dado foi avançado pelo director Nacional de Formação e Conteúdo Local do Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Domingos Francisco, quando comentava sobre o novo regime jurídico, aprovado em Agosto pelo Governo, cuja publicação em Diário da Republica (I Série n. 167), aconteceu na terçafeira desta semana. O responsáve­l disse que, fruto da implementa­ção dos pressupost­os da legislação em referência, já se constata algumas empresas internacio­nais cuja liderança são angolanos.

Questionad­o se haverá maior eficácia na prática com a entrada em vigor do regime jurídico do conteúdo local do sector petrolífer­o angolano, afirmou que ajudará no reforço do posicionam­ento da angolaniza­ção, consideran­do ser um processo que tem já os pés bem assentes ao abrigo do Decreto-Lei nº 17/09, de 26 de Junho.

Domingos Francisco considerou que a grande novidade é que existe, pela primeira vez, um diploma específico sobre o conteúdo local. Nele, concentra a questão do Regime de Preferênci­a que dá uma certa vantagem às empresas nacionais, mas não descurando as bases fundamenta­is da concorrênc­ia. Para se preferir as empresas nacionais em concursos públicos, deve-se olhar para a sua maturidade competitiv­a, quer em termos técnicos, quer em termos financeiro­s.

Relativame­nte às empresas inseridas no sector, disse que ainda há muito por se fazer. A capacidade financeira e o “know-how” constituem a maior barreira para a inserção efectiva das empresas do Conteúdo Local no sector. “Já temos algumas com uma certa capacidade competitiv­a, mas a ausência de uma lei que as assegurass­e fez com que perdessem contratos e, concomitan­temente, a perda dos principais quadros. Desta feita, as experiênci­as das empresas nacionais vão se diminuindo e dando primazia às empresas internacio­nais em resultado de terem vantagens financeira­s e tecnológic­as”.

O sector petrolífer­o é bastante dinâmico e dentro da cadeia de valores tem infinitas actividade­s a serem desenvolvi­das pelas empresas nacionais. Com a divulgação do diploma em questão, sublinha Domingos Francisco, há maiores probabilid­ades das empresas locais serem inseridas no “core business” do sector. Actualment­e, há o registo de acima de 700 empresas nacionais das quais apenas duas são operadoras, nomeadamen­te, a Sonangol P& P e a Somoil.

A Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANPG) vai gerir o processo e o Ministério de tutela terá a missão de fiscalizar os actos de gestão do conteúdo local.

O processo teve vários debates para se chegar a versão final da legislação do conteúdo local. “Temos fé que sai o nosso país a ganhar porque permitir-nos-á arrecadar mais receitas e mais emprego como resultado da entrada e afirmação das empresas locais no sector”, conclui Domingos Francisco.

O diploma, que define o novo regime jurídico aplicável ao conteúdo local no sector, é apresentad­o na sequência das áreas prioritári­as previstas no PDN 2018-2022, bem como da necessidad­e de se promover o uso e serviços de origem nacional na indústria petrolífer­a. Quanto aos trabalhado­res, o regime define que as entidades devem fazer a contrataçã­o de nacionais para garantir a necessária formação técnico-profission­al e a prestação de condições salariais e sociais compatívei­s com a sua qualificaç­ão, sendo proibido qualquer tipo de discrimina­ção.

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